domingo, 1 de março de 2009

Experiência #005

(domingo, chove em Fortaleza, passarinhos estão alegres, tomando banho e celebrando... antes de ler a mensagem abaixo, sugiro que atentem aos comentários da Marcília, nas reações à mensagem #004).


Alright. Temos algumas coisas para refletir... por exemplo, a última questão, diretamente formulada por você, parece-me um bom início de considerações. “Faz sentido dentro de uma perspectiva Organísmica?” De qual perspectiva Organísmica estamos referindo-nos, a ponto que busquemos saber caso faça algum sentido, ou não, um conjunto de conhecimentos prévios, contrastados, agora, com uma nova lente de intervenções? Ocorre-me lembrar de uma conversa, recente, que tive com Marcus Cezar, um amigo Gestaltista (bom amigo e bom Gestaltista!), e o esforço dele em posicionar-se como “Organísmico”, sem recair nas comparações e aproximações forçadas à Teoria dos Sistemas, quão menos à Teoria Sistêmica. (Não que ele busque essa interface, mas que os demais, ao escutá-lo, acabam por armazenar novas informações em prateleiras antigas). Eu não saberia dizer, com propriedade, qual a distinção fundamental entre a noção de Organismo que Marcus Cezar utiliza-se, e como esta corrente diferencia-se de uma compreensão do tipo Sistêmica. (Espero, inclusive, que ele possa encontrar algum tempo, e postar alguns esclarecimentos, a esse respeito e para nosso crescimento, aqui no Blog).


No caso da ACP, uma perspectiva Organísmica deveria ser capaz de apreender e facilitar alguns postulados que fundamentam essa Teoria: (1) A noção de que o Organismo é uma convergência interdependente de processos, experiências e interações; (2) e que, por isso, o Todo Organísmico é portador de uma sabedoria ampliada e difusa, que leva em consideração as direções que emergem dos encontros entre tais processos, experiências e interações; (3) considerando-se, para isso, que o Organismo, entendido como um Campo dinâmico de Forças, de alianças e colisões de Tendências, é um espaço flexível e poroso, cujas fronteiras estão vivas e em movimento constante, em relação com outros Organismos e com a Vida mais ampla; (4) e que, dentre as tais Forças que alcançam e influenciam o Organismo, três Tendências ou propriedades da vida, são de particular interesse: uma Tendência do Organismo para Auto-Regular-se (a partir da mediação criativa de novos conteúdos), uma Tendência do Organismo para Atualizar-se (em novas capacidades e potenciais) e uma Tendência do Organismo para Formativizar-se (em novos eixos e padrões de funcionamento).


Esses Postulados, por sua vez, irão desdobrar-se em várias concepções e aplicações, por exemplo, na ênfase que o Organismo é dotado de um Poder e Direção própria, que não precisamos “administrar”, “comandar” ou “monitora-lo”, na medida em que seus fluxos Organísmicos estejam sendo facilitados por um ambiente suficientemente intumescido de vida e complexidade processual-formativa.


Quando dizemos que o Organismo tem um Poder próprio, ou uma expressão própria de Poder, não estamos inferindo que “o poder existe por si só” e não requisita a legitimação do Outro. Isso, parece-me de alguma maneira verdadeiro em sociedades humanas. Porém, apenas parcialmente. O Poder que o Organismo vale-se, e que é decorrente das interações entre suas capacidades e redes de funcionamento Organísmico, não precisa do reconhecimento de outro indivíduo, até porque, “reconhecimento”, em termos de validação e quiescência estão muito ligados às faculdades da consciência humana. Se estivermos falando de um Poder Organísmico, onde é necessário que haja fluxos e comunicações entre as diferentes esferas da vida, se estivermos considerando que nenhum Organismo existe, sozinho, por si, no vácuo da nulidade... se for nesse sentido, então, é verdade que o Organismo existe em um campo de ressonâncias e de Organicidades, de interações, de “legitimações” processuais, de trocas e de intercâmbios, entre sistemas abertos que se interinfluenciam, constantemente.


Um ponto importante, quando se fala da Vida, é que não se está, aqui, considerando que se trate da vida humana restritivamente, ou das relações compreendidas a partir do prisma social e cultural da vida humana. Não se está, ao contrário, querendo excluí-la como uma expressão possível da vida, porém, certamente, não se busca reconhecê-la como nada além de uma entre várias expressões integradas da vida. E que, portanto, suas exigências específicas, para seu completo delírio, não se revestem como exigências prioritárias ou fundamentais do Universo como um todo. Considera-se, também, que uma Organicidade, do tipo humana, por exemplo, nela participam vários outros aspectos da vida e do Universo que não se restringem, apenas, à consciência e senso de individualidade humana. Portanto, dizer que os Organismos interagem, e que portam uma expressão própria de manifestação, expressão e comunicação, uma camada Organísmica de Poder, não significa, apenas, mencionar exigências do processo de consciência, personalidade e sociabilidade humana, porquanto a Organicidade não se encerra nessas dimensões.


Com essas devidas ressalvas, fiquei pensando que o fato do exercício Organísmico do Poder exigir um parceiro, um anteparo, um complemento com quem se interaja, não quer dizer que a vida e os processos vitais de um Organismo exijam, necessariamente, uma forma humana, do outro lado, para complementa-lo... pode exigir, talvez, uma outra expressão da vida – qualquer que seja sua forma. E esse complemento de vida não precisa estar "fora", posto que a própria Organicidade é um microuniverso de interações e cadeias de funcionamentos internos de ressonâncias externas.


Nos casos, contudo, em que hajam interações entre expressões humanas, ou, melhor dizendo, em que hajam interações Organísmicas cujas expressões de funcionamento caracterizem-se, naquele enquadre, como traços de uma consciência individual humana, então, não é verdade dizer que o Poder só se efetiva na "experiência" do Outro, quando o Outro legitima, na sua experiência, o exercício do Poder projetado pelo primeiro. O Poder desse primeiro pode, eventualmente, efetivar-se num terceiro como um “Ideal de Eu”, pode ser legitimado como um novo aprendizado, por uma via de “Condição de Valia”. Quando M...U...I...T...O, pode também ser inscrito por uma via da Vivência (Erlebnis), mas, não necessariamente, precisa ser uma Experiência (Erfahrung). Então, é possível, e, na verdade, é MUITO freqüente, expressões de Poder que são tomadas como "legitimadas" pelo outro, mas que não se utilizaram de uma nenhuma via Experiencial. (Lembrem-se que nós, Pragmatistas, somos Experienciais – segundo a tradição de James, Dewey, Polanyi, Rorty –, e não somos, como o Velho Continente, Vivenciais).


Ademais, e como Marcília falou, eu concordo, perfeitamente, que a expressão, o exercício e a comunicação do Poder, não depende, se quer, da minha intencionalidade. E o exemplo por ela apresentado, do Poder exercido pelo Terapeuta sobre o Grupo, é um fato, como, também, é um fato que os participantes exercem Poder sobre mim, o Terapeuta (de repente, uma "senhora mais velha", com ares de maturidade existencial, exerce influência sobre mim..., dentre outras várias possibilidades semelhantes). Mas acho que esse Poder, específico, que exerço nos clientes e os clientes exercem sobre mim, não é a mesma categoria de Poder quando falamos que o Organismo tem um Poder próprio, singular, pessoal, de autodirigir-se. O Poder que o grupo exerce sobre mim e eu exerço sobre eles, ressoa, para mim, com o fato que todas as interações sociais são manifestações políticas (sejam formais, de força, perícia, pessoal, ecológica etc). Eu e os clientes estamos, também, inseridos no setting, numa rede social. Ok! Para efeito dessa rede social, nossas ações são revestidas de poder político, de uma camada de poder simbólica, criada por uma instituição simbólica de natureza social e política. Outra coisa é um Poder Organísmico, instituído em uma camada de poder próbiótica e vital, de interações entre as várias modulações experienciais. Para ser breve, algumas citações a respeito da experiência, como essa dimensão do Organismo que está mais próxima do Universo do que indivíduo e sua cognição social... Para Polanyi, na compreensão de Grene (apud Milavec, 2008), "a heuristic field trumps epistemological vulnerability just as a cosmic field trumps evolutionary and ecological vulnerability". Polanyi, em Study of Man, de fato trabalhou com a noção de "cosmic field"; em Personal Knowledge, o mesmo filósofo articulou seu pensamento em torno de uma noção de "cosmic calling"; em Tacit Dimension, Polanyi defende a tese de "cosmic emergence of meaning" a partir de um cruzamento de atividades conjuntas morfogenéticas e noogenéticas (Milavec, 2008).



* * * Parênteses das citações * * *


Milavec, A. (2008). Polanyi's "Cosmic Field"—Prophetic Faith or Religious Folly? Polanyi Conference, 08/06/2008. Disponível em: http://www.missouriwestern.edu/orgs/polanyi/Loyola08/Loy08Pprs/Milavec%206-10-pdf.pdf


"Polanyi draws a parallel between the long and hazardous route whereby evolutionary development led to the achievement of human consciousness and the equally long and hazardous route whereby societies of individuals achieved a growing body of knowledge to which all were committed (PK: 380). In the end, Polanyi seems to be saying that every contribution to this joint achievement of biogenetic and noogenetic 14 evolution (even those who followed lines of development that are now extinct) ought to be reckoned as defeating the meaninglessness of our short, transient lives that return to the dust out of which they emerged. Then his closing lines: ´We may envisage then a cosmic field which called forth all these centers by offering them a short-lived, limited, hazardous opportunity for making some progress of their own toward an unthinkable consummation (…)´" (Milavec, 2008)


Bracken, A.J. (2004-2005). Emergent Monism and Final Causality: A Field-Oriented Approach. Tradition & Discovery: The Polanyi Society Periodical, XXXI (2). Disponível em: http://www.missouriwestern.edu/orgs/polanyi/TAD%20WEB%20ARCHIVE/TAD31-2/TAD31-2-basic-pg.htm


"Polanyi's vision of the cosmic process as undergirded by a logic of emergence common to both the mental life of human beings and the processes of non-human nature can be vindicated if one is prepared to make certain adjustments in the notion of morphogenetic fields with an active center or organizing principle. Such a notion does not necessarily imply a commitment to a strictly Aristotelian understanding of final causality in which the entelechy or final cause is conceptually determined in advance of its practical implementation (…) That is, the ´common element of form´ (…) depends for its own existence on the spontaneous activity of previous sets of actual occasions and yet serves as the ongoing principle of formal and final causality for the present set of actual occasions and still others to follow it. In Aristotelian language, matter and form thus dialectically condition one another. As a result, neither enjoys ontological superiority; both are needed in the service of the total organism as it follows its own inherent logic of emergence or achievement" (Milavec, 2008)


(…)


"Polanyi explicitly names Teilhard de Chardin as describing how, at the ultimate evolutionary step, "human knowledge was born, noogenesis" (PK:388). Thus it would appear that Polanyi was confirmed in his association of biogenetic and noogenetic evolution by Le Phenomene Humain (citing the French title first published in 1955 that did not get translated into English until 1959, a year after the publication of PK)" (Milavec, 2008)


* * * Fim de Citações * * *



Até aqui, tudo mais ou menos tranqüilo... acho que concordamos em muitos aspectos!

Com estas diferenças entre Experiência, Poder Socialmente instituído e Poder Organísmico, então...


Uma questão é que "facilitar Organicidade" NÃO significa criar um contexto favorável para que as pessoas expressem o seu Poder (social), qualquer que seja a direção do mesmo. (Facilitar Organicidade não diz respeito a esse objetivo particular!) É possível facilitar Organicidade, ou aspectos da Organicidade, sem que as pessoas expressem seu Poder social? (Tenho que pensar sobre essa resposta...). Estou imaginando que a questão desse Poder é tangencial à Facilitação, não está inclusa como objetivo, não está afastada como algo que refratamos...


E dessa compreensão, decorre-se que "Incongruente" ou "Congruente" não diz respeito às ocorrências externas, às mudanças e movimentos do Poder Social, se as mesmas foram obrigadas/impostas ou não-obrigadas/facultativas... às vezes, mesmo não sendo externamente obrigadas, caracteriza-se como um processo Incongruente – porque é uma adesão por Condição de Valia e Ideal de Eu. Às vezes, aparentemente obrigado, o indivíduo faz uma escolha, com base em sua liberdade experiencial, e se trata de uma escolha Congruente, em seu processo, em seu funcionamento. (É possível que alguém se "submeta" a algo, aparentemente imposto/externo, de uma maneira radicalmente inteira e congruente...).


O uso do Poder e das expressões Políticas correspondentes, uma vez sempre freqüentes em nosso convívio social, também não definem, por si só, o que seria um processo Congruente ou Incongruente. Parece-me que a forma como o Poder será "legitimado" na experiência do Outro, em se tratando de uma operação organísmica ou não, é quem pode oferecer elementos para uma análise de Congruência ou Incongruência (ambas, Regulatórias). (Via de regra, mas não é um princípio geral, atitudes/adesões Incongruentes, geralmente, numa expressão Regulatória, estão inclinadas a também serem Incongruentes do ponto de vista da Atualização e da Formatividade. Então, compreender a posição de abertura ou indisponibilidade experiencial, aos níveis da Atualização e da Formatividade, são bons indícios para compreender o lugar circunstancial da Regulação). O fato de uma intervenção minha não se desdobrar em um conjunto de finalidades específicas, não exclui a possibilidade da ocorrência de um registro experiencial. Mesmo que não tenha produzido os efeitos esperados, por exemplo, pela organização, ainda assim, pode ter sido uma Aprendizagem Significativa (necessariamente, uma experiência) para aquelas pessoas. Se ela, experiência, efetivou algo esperado, ou não, isso é um correlato, posterior, que não diz respeito à experiência. Se algo, eventualmente, será posto em prática, ou não, é também um correlato posterior à experiência.


E eu também concordo: uma experiência pode ter sido marcada, um processo e fluxo experiencial desencadeado, mesmo sem que eu tenha exercido "Poder" sobre as pessoas que, efetivamente, não mudaram, não implementaram, não colocaram em prática, não legitimaram certo aspecto do Poder. O fato do Poder (social) não ter operado essa mudança, não me tornou Incongruente ou Congruente, não tornou as pessoas Congruentes ou Incongruentes. Nem a mim, nem a elas. Como o fato de ter dado certo, também não as tornaria Congruentes ou Incongruentes - nem a mim, nem a elas. Estando eu, Congruente, não significa que vou conseguir gerar impacto e exercício dessa forma específica de Poder sobre o outro. (Eu concordo, até, por inferência distante, que maior minha Congruência, é possível que seja maior o meu encanto, minha presença, minha disponibilidade, minha articulação, minha inteireza). Porém, de acordo com a Teoria, tão mais Congruente eu seja, tanto mais respeite a Congruência terceira, menos imposição de Poder Organísmico haveria, ainda que permaneça o exercício mútuo de Poder Social. Então, estamos diferenciando Imposição de Poder e Exercício de Poder. Ainda que estejamos no exercício social do Poder, mediante nossas configurações sociais e simbólicas comuns, não, necessariamente, há Imposição de Poder Organísmico.



Um comentário:

  1. Olá André e Marcilia. André, ainda não tive tempo de degustar suas duas últimas #experiências, apenas corri os olhos e não pude ainda oferecer meus sentidos ao texto. Parece esatar muito denso suas observações, as always...

    Vou me colocar aqui a partir do que foi evocado naturalmente em mim ok

    Bem, pelo que li rapidamente sobre as posições de vocês, não tive como ser puxado para o mundo organizacional, contexto que talvez cobre quase que naturalmente do organismo humano se localizar dentro das questões do poder. Bom, eu abandonei isso há algum tempo depois de tanto Lacan e Foucault, mas sempre me localizei dentro disso colado ao contexto social, histórico e cultural que vivemos e que é tão bem representado nas nossas instituições. Li há algum tempo Rogers falando numa entrevista ao Richard Evans, capítulo 5 do livro Carl Rogers: o homem e suas idéias; o título do capítulo é bem interessante: Questões em debate na psicologia contemporânea; e Lá ele fala muito objetivamente e sucintamente sobre formação de equipe, interdisciplinaridade, consultoria, organizações (academia principalmente) e foco na tarefa. Tudo isso dentro da questão da comunicação em grupos de encontro. Essa era uma coisa que me chamou atenção.

    Outra foi que, embora não tendo lido ainda as discussões todas postadas, experiencialmente me distancio cada vez mais de reflexões sobre o Poder dentro da ACP, e agora o que o Yuri me dizia faz total sentido. Só de ouvir algo próximo a isso fico zonzo. Para mim, e especificamente para mim, queria compartilhar que qualquer movimento meu que reflita essa questão do poder coloca-me imediatamente num tipo de auto-regulação que é externa e se movimenta no campo abstrato da cultura, da política, da civilidade, do contrato, das normas, das funçõese suas representações. Não consigo vislumbrar ou encontrar em mim nada que se mova em campos formativos e atualizantes dentro de qualquer reflexão que tome como base o Poder. Porque, pessoalmente, se isso para mim adentra num campo atualizante ou formativo ele é pulverizado, se transformando em força, em tendência, em movimento, em organismo e não mais poder. Essa palavra acaba saindo do susbtrato humano antropocêntrico e funcionando como poeira histórica evolutiva da formação das sociedades humanas diante de uma outra coisa que é "indeclarável por direito", absurdamente maior do que a reflexão sobre as relações de poder. O Rogers começa o Sobre o Poder Pessoal dizendo que só reconheceu (quase que à força) a dimensão política da ACP quando foi convocado politicamente a dar essa resposta. Bom, ainda não completei a leitura total do livro, mas isso foi o que me sucitou a partir de uma breve olhada.

    Nesse mesmo livro gente, o das entrevistas com o senhor Richard (me pareceu ser o típico intelectual undergroud que está em todas, até pouco tempo eu me via assim, engraçado como nossa personalidade "só se lasca" justamente porque não consegue manter uma imagem idealizada fixa, eu me lasco, num bom sentido!), Rogers comenta sobre o Kurt Lewin e sua teoria do campo, autor que o professor Armando fez o mestrado dele. Racionalmente, não há como se referir a organismo, sistemas e abertura, a uma platéia por exemplo de acadêmicos, sem que a teoria sistêmica e seus correlatos sejam evocados. Claro e obviamente que organismo e abertura em ACP está intimamente ligado a uma movimentação experiencial, mas que se fosse considerada por uma mente que só transite na racionalidade moderna, imediatamente, fluxos, teias de retroalimentação, partes integradas e sistemas abertos seriam os índices de localização racional nisso. Bom, pelo menos pra mim isso é evocado. Usava isso durante os bastidores da bolsa nas minhas discussões com algun amigos sobre organicidade. Experiencialmente eles não acessavam essas marcas (eu simplesmente não conseguia encontrar símbolos para dispo-las), mas parecia que nesse caso específico, essas pessoas só poderiam se abrir às experiências mesmas se eu pelo menos os situasse dentro desse panorama, ou seja, implicitamente, se eu conseguisse de alguma forma apresentar uma plataforma supostamente segura para eles aguentarem o tranco (parece até que eu tou vendo tu André falando aqui!). E lá vai eu encarar uma mesa de epistemologia falando de organicidade e o real. Irônico pra não dizer uma ópera cômica. Mas teve efeitos. Claro, que não passava dessa plataforma racional, porque eles não alcançavam se localizar neles próprios quando eu falava de organismo, espiritualidade, experiência, formatividade e organicidade. E nem eu também pois estava colado a uma coerência totalmente acadêmica. É medo mesmo, é incerteza mesmo, é risco mesmo o que eles sentiam, era uma defesa e uma não aposta, um julgamento pré-concebido ou tolhido a partir da imagem que se tinha de mim (me incluam nisso também porque eu tinha de mim ali a imagem do intelectual. Puft!). Eu mesmo não sustento na academia isso (ou ela não sustenta?), a não ser em ambientes que eu pudesse ancorar outras coisas que não o discurso, o que é abominável dentro de um campo do saber que se diz científico. Mas o tempo é o melhor remédio pra tudo, desde que se esteja inteiro nele, e às vezes, sabemos que os efeitos colaterais são fortes do medicamento. Me remeto aqui a um texto do professor Cavalcante sobre o mundo acadêmico e a outro belo e realístico texto que achei perdido pelos emails da Relus que fala sobre a universidade patológica).

    Me lembro de uma palestra do saudoso Pierre Weil, homem "de dentro" da formatividade, no curso de formação holística de base: O poder é algo extremamente complicado quando ele se connjuga ao verbo "ter"! Nas palavras dele: "o caminho-ter não leva à felicidade. O 'ser' é o que a absorve.

    Era isso, ainda vou ler a experiência 4 e 5 sim quando meu ritmo organísmico me permitir. Esse blog e a participação das pessoas aqui é para mim a própria definição de acoplamentos organísmicos, organicidade virtual, um anteparo muito sutil de vida, noções operacionais da teoria qu discutimos na casa do Bruno no I Retiro Teórico. Por falar nisso, seria ótimo o II retiro nas férias, fantástico o II encontro Carl Rogers, e por aí vai a ampliação da rede humana e humanizante.

    Um abração pessoas queridas,

    obrigado pelas exposições André,

    Helton

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