sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Últimas horas de 2010

Os médicos são fascinantes. Conheci dois residentes de último período, um que é capaz de contrastar a fisiologia sob os mesmos enquadres de uma fotografia panorâmica sofisticada e altamente delicada, “é preciso um espírito detalhista e investigador”, disse-me. O outro, rapaz casado que, dias e dias antes dos seus plantões, reveste-se com o máximo da responsabilidade sempre inconclusa, e por isso mesmo esperançosa, a respeito das possibilidades que se equacionam entre os dramas com seus pacientes. É um sempre novo teste, do seu conhecimento, da sua destreza, da sua capacidade de responder, “eles pegam na minha camisa, doutor não me deixe morrer agora, aqui”, esgotada era também a sua voz, e três botões no seu peito estavam abertos - um paciente, o meu desejo, ou o cansaço dele que desabotoou?. E o primeiro moço concluiu: “somos profissionais dos meios: entre o que sabemos, o que devemos e o que podemos em face dos recursos disponíveis, protocolos, tecnologia e instrumentos, em um dado contexto real no mundo e no tempo, até onde o material e a equipe podem avançar, até onde as pressões e exigências consentem, e os corpos, do médico e do paciente, sustentam, e façamos, com isso, o máximo que nossos esforços permitam-nos, e nunca teremos como assegurar ou prometer, porque jamais alcançaremos o fim na sua margem ou distante fronteira da vida”. Médicos e policiais, à sua maneira, são as profissões do fascínio, do que foge e, novamente, cai na cilada da loucura: são os moços que litigam com a morte. Os primeiros, retardam-na com êxito, e, via de regra, como punição, seriam capazes de antecipa-la à surdina, e o segundo grupo, convocam-na a frente de uns, resguardando-a longe da vista de outros - pode ser o caso de uma punição longa e agonizante. Ambos, de todo modo, precisam despistá-la dos seus propósitos iniciais, traiçoeiros da morte, e em seu tudo de violência (por exemplo, numa cirurgia onde se cerram os ossos), enfrentam o abismo e dispõe da vista-grossa para a fragilidade que se camufla no macabro implícito e no sinistro das intervenções. Um deles ensinou-me que, diante dele, tudo está escuro: perseguições. E ao celular, sua voz era mágica. Não é preciso muito, quase aleatório – embora a coragem seja voluntária. “Abra-me uma porta”, olhando-me enquanto o vinho maculava seu raciocínio, "e algo irá encontrar o caminho até você". Encoste o suor numa das paredes duplas, e que seja qualquer uma: não se preocupe com a localização. Nascente ou poente, os ventos saberão. Se for uma viga, saberás, imediatamente, porquanto a força cessa. Uma parede ocasional, com os seus velhos tijolos cozidos na proteção ao frio e à chuva, blindagem, sobretudo, à visita inesperada, ao saque, à morte. Tijolos no barro do medo contra a fúria da natureza, e a fúria dos seus filhos: nós, dentre eles. Número um: remova alguns tijolos, com amor, e haverá uma frecha. Ar e luz podem correr. Enquanto é noite, não mais que uma mão sombria cabe no imperfeito do círculo. Mas há um tapume de madeira não espessa. Não se vê, e não há clareza no que se escuta. É o estridente de um uivo fino, distante? Não é preciso fazer nada, se não, permitir que se revele do espaço aquilo que salta no meio do silêncio. Um pouco mais de coragem, de respeito e, talvez, amor próprio: vão-se outros tijolos. Vê uma janela, poderia abrir e fechar, embora se mantenha trancada. São colisões que não podem atravessá-la? Há marcas e arranhões no lado de lá dos caibros fornidos na travessia - ainda promessa, ainda estreita. Um pouco mais de gentileza, faz-se surgir o espaço de uma porta. Tremei. Deixe que algo de fora possa tocar a porta e consultar, ainda dúbio, ainda depois de tão longa espera, se há alguém, você..., dentro dessa masmorra. Há voltas na fechadura de bronze e barras que amortecem o impacto turvo. Abrindo portas no seu labirinto. (Deserto dos Tártaros, às avessas). E se o cansaço chegar, onde havia uma parede, seria, agora, domicílio de uma passagem: lá estou sentado, bebo o chá que permanece escuro, imperfeito e jamais concluso. Haverão queridos, passantes, desconhecidos, rostos não amistosos?

"(...)
No mais profundo,
onde seu rosto é apagado,
onde a água da vida flui silenciosamente,
há uma prisão sem comida ou bebida,
e sem nenhuma regra moral,
que se abre para um jardim (...)"

-- Sanai - A boa escuridão

Eu corri do risco nesse confronto. Mas estou esgotado para o medo. Posso enfrentar, posso morrer. Talvez, se eu conseguir, posso sair ferido, com uma parte de mim para o escuro, e uma parte do escuro, comigo. É a destruição que poderá vir, de corpo inteiro. É o amor, também, finalmente, que, sem arestas, adentra o meu lar. Fragilidades para o Ano Novo é, talvez, uma conquista imensa, no lastro dessa força para o encontro. Le Sacré Couer.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cartão para a Morte

Decidi que quero morrer com 106 anos, e é um fato. Se vou conseguir negociar com a Morte, são outros tormentos. De todo modo, esse é um dos propósitos mais significativos para mim. É uma resolução nessa segunda década do séc. XXI + 10 anos + 1.

Quero estar vivo quando a Universidade completar 1000 anos de Ocidente. Aliás, estarei na Universidade de Bologna, para celebrar. Por exemplo, se tudo der certo, até lá serei professor ao longo de 79 ciclos de estações. E quantos anos terá a ACP? :)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

coff-coff, coffee

...

Ele me desejou tempestades e trovoadas, felizes.
Para Ela, comentei isso que eu li e tanto gostei,
(2011 será diferente, talvez longe, para mim.)
e a moça caminhou para o Recife,
desejando-me ventanias e calmarias,
ambas, felizes - para enfatizar a sua doçura.
(Meio que despedidas... estou ouvindo Strauss:
lágrimas, pela partida, também pela chegada...)

Para você também. Joyeux Noël, mon chou.
Era a noite do Eclipse, rebordoso, contrafluxo, etcetera, babado.
Para Wien, onde não adormeci, de onde jamais retornei.
Se houver algo que possa fazer,
diga-me rápido...

Ouvindo o correr azul do Danúbio,
e é dentro de mim que vibra...
Herr Doktor Mauro sinalizou,
fez-se a escolha de uma cidade como minha.
Antes dos Solstício de Verão, no lado de lá...
Talvez, depois das chuvas de São José, para cá.

Deleuze gostaria de ouvir que desacelerar não é tão empolgante.
Re-movo-me na Arte, ou da Ciência, para a Filosofia...
Mover-se novamente, um tipo de retirar-se concomitante...
Com baton de travesti: Re-Movo-Me, de-novo-&-para-o-fora?

...

“—Não é que haja muita coisa para aprender – disse Max. – A coisa está mais próxima do não aprendizado, do esquecimento, se você preferir. Isso é muito mais difícil. É preciso desistir da intuição. É preciso aceitar o que parece impossível (...) – E quando voltarmos, como diz você, poderemos discutir sobre a não existência do tempo” (A GAROTA EINSTEIN, Philip Sington: pp. 76-77)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Poesia

"Qualquer um que não viva em poesia não pode sobreviver aqui na terra"
Halldór Laxness (Escritor islandês)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Univ.

http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/dec/17/death-universities-malaise-tuition-fees?INTCMP=SRCH


The death of universities
Terry Eagleton

Academia has become a servant of the status quo. Its malaise runs so much deeper than tuition fees




Are the humanities about to disappear from our universities? The question is absurd. It would be like asking whether alcohol is about to disappear from pubs, or egoism from Hollywood. Just as there cannot be a pub without alcohol, so there cannot be a university without the humanities. If history, philosophy and so on vanish from academic life, what they leave in their wake may be a technical training facility or corporate research institute. But it will not be a university in the classical sense of the term, and it would be deceptive to call it one.

Neither, however, can there be a university in the full sense of the word when the humanities exist in isolation from other disciplines. The quickest way of devaluing these subjects – short of disposing of them altogether – is to reduce them to an agreeable bonus. Real men study law and engineering, while ideas and values are for sissies. The humanities should constitute the core of any university worth the name. The study of history and philosophy, accompanied by some acquaintance with art and literature, should be for lawyers and engineers as well as for those who study in arts faculties. If the humanities are not under such dire threat in the United States, it is, among other things, because they are seen as being an integral part of higher education as such.

When they first emerged in their present shape around the turn of the 18th century, the so-called humane disciplines had a crucial social role. It was to foster and protect the kind of values for which a philistine social order had precious little time. The modern humanities and industrial capitalism were more or less twinned at birth. To preserve a set of values and ideas under siege, you needed among other things institutions known as universities set somewhat apart from everyday social life. This remoteness meant that humane study could be lamentably ineffectual. But it also allowed the humanities to launch a critique of conventional wisdom.

From time to time, as in the late 1960s and in these last few weeks in Britain, that critique would take to the streets, confronting how we actually live with how we might live.

What we have witnessed in our own time is the death of universities as centres of critique. Since Margaret Thatcher, the role of academia has been to service the status quo, not challenge it in the name of justice, tradition, imagination, human welfare, the free play of the mind or alternative visions of the future. We will not change this simply by increasing state funding of the humanities as opposed to slashing it to nothing. We will change it by insisting that a critical reflection on human values and principles should be central to everything that goes on in universities, not just to the study of Rembrandt or Rimbaud.

In the end, the humanities can only be defended by stressing how indispensable they are; and this means insisting on their vital role in the whole business of academic learning, rather than protesting that, like some poor relation, they don't cost much to be housed.

How can this be achieved in practice? Financially speaking, it can't be. Governments are intent on shrinking the humanities, not expanding them.

Might not too much investment in teaching Shelley mean falling behind our economic competitors? But there is no university without humane inquiry, which means that universities and advanced capitalism are fundamentally incompatible. And the political implications of that run far deeper than the question of student fees.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Rumançus

“Creio que o romance foi sempre um testemunho rebelde, de insubmissão. Em todas as épocas, os romances flagraram nossas carências, tudo aquilo que a realidade não nos pode dar e que de alguma maneira desejamos. Começamos a inventar porque o mundo não nos parece suficiente. O romance se situa justamente nesta compensação que o ser humano busca quando entende que a realidade não o satisfaz completamente. Por esse motivo, o romance causou sempre desconfiança nos governos, nas instituições que aspiram controlar a vida. As religiões e os regimes autoritários nunca foram simpáticos ao romance. E penso que têm razão: o romance é mesmo um gênero perigoso, porque provoca a imaginação, os desejos, e nos faz sentir que a vida não é o bastante, que ela não consegue aplacar todos os nossos apetites e sonhos. O romance tem a ver com esse espírito rebelde. A invenção de outro mundo, de outra realidade, onde podemos nos refugiar e viver. Escapar através da fantasia. Acredito que essa é a origem de toda ficção.”

Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura
* Entrevista para o jornalista Emilio Fraia, disponível em: http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?tag=mario-vargas-llosa

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Poetry

"as amendôas pavimentam os azulejos tardios que, apenas depois, ao sair do ofurô, ele iria percorrer/ a leveza daquela roupa inexiste, que flutua como lençol macio, e os abraços dela que, tão simples, acobertam minha... saudade/ a isso tudo, saúdo com ´boa-noite´, digo, amorosamente - e já não consigo ter fé em mim/ envolto no cheiro dessa mulher, que vai se tornando louça nos meus varais/ aqui, encontro certa paz de um sonho que não cabe em noites de sexo tórrido/ só preciso desse espectro que, certamente, não é o dela./ -- ´porcelana nos braços dele, e não há paixão e beleza nos olhos de... mais ninguém´, repito, respiro, insegura de mim mesma/ Repito, convencida, enquanto durmo, embriagada/ Não é por ele/ Fini. Com ele."

(Poema Maracaba,
A.F. § 8-XII-2010)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"Para Anactória" (Sapho)

"A mais bela coisa deste mundo
para alguns são soldados a marchar,
para outros uma frota; para mim
é a minha bem-querida.

(...)

Oh não me esqueças, Anactória

(...)

prefiro o doce ruído de seus passos
e o brilho de seu rosto
a ver os carros
e os soldados da Lídia combatendo
cobertos de armadura"

Canções

"Canções que são para sempre"
http://www.usp.br/imprensa/?p=2277

sábado, 27 de novembro de 2010

alma barroca

Silêncio: parem tudo, parem a guerra, parem a dor, parem a saudade.
Silêncio: vão cantar o Fado!

*

Segue o "Fado Tropical" com a lembrança do Alentejo...

em francês: http://www.youtube.com/watch?v=IRqsnI7vpcw
em português: http://www.youtube.com/watch?v=VHQFmBrjLCM


*

Será que está ao sabor requintado da alma barroca/
que sinto como tão minha e tão próxima?
Pianos e Fados...

http://www.youtube.com/watch?v=Y8yIpH_VI50

http://www.youtube.com/watch?v=k-pVqO6g_r8&feature=related

PS: a tal alma humana, essa é imensamente complicada.

Fantasmas

ZONA HERMÉTICA
Manoel de Barros

(...)
E, aquele
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será marcado. Nunca será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.

*

POESIAS, 1956,
in Gramática Expositiva do Chão,
Editora Civilização Brasileira, 1990.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

between yesterday and tomorrow

By Wade Hannon (Facebook, 24.Nov´2010):
"I hope all of friends & family back in the US & A have a good time tomorrow celebrating the near genocide of Native Americans by the invading hordes of Europeans & their descendants... try not to eat too much..."

Humanismo Contemporâneo

MINI-CURSO DE PSICOLOGIA HUMANISTA CONTEMPORÂNEA (25h/aula)
FACULDADES NORDESTE - FANOR/DeVry (Fortaleza, Ceará)
SALA 111 - EVENTOS GRATUITOS (sem inscrição prévia)


Desafios na Epistemologia Humanista da Abordagem Centrada na Pessoa
Ms. Paulo Coelho Castelo Branco -
Prof. de Psicologia (Faculdade Leão Sampaio - Juazeiro do Norte)
30.Outubro de 2010, 5h/aula (8h às 13h)

Psicoterapia Centrada na Pessoa e Experiência em Tendência Formativa
Ms./Doutorando UAL Yuri de Nóbrega Sales -
Prof. de Psicologia (UFC e Faculdade Christus - Fortaleza)
13.Novembro de 2010, 6h/aula (8h às 14h)

Humanismo da Cidade enquanto Organismo Coletivo
Ms./Doutorando UAL e UniWien André Feitosa de Sousa - Prof. de Psicologia (Faculdades Nordeste/FANOR-DeVry - Fortaleza)
20.Novembro de 2010, 6h/aula (8h às 14h)

Psicologia das Emergências: Atenção e Intervenção em Crises
Ms. Ticiana Paiva de Vasconcelos - Colaboradora no Grupo de Pesquisa Atenção Psicológica Clínica em Instituições (PUC-CAMPINAS)
26.Novembro de 2010, 4h/aula (8h às 12h)

Fundamentos da Relação de Ajuda e do Crescimento Terapêutico
Ms./Doutoranda UAL Camile Moraes Gross - Prof. de Psicologia (Universidade do Oeste de Santa Catarina - Chapecó)
26.Novembro de 2010, 4h/aula (14h às 18h)


OUTRAS INFORMAÇÕES: asousa3@fanor.edu.br
APOIO: Curso de Graduação em Psicologia/FANOR; RELUS Rede Lusófona de Estudos da Felicidade/UFC

Os Dilemas do Natal e da Vida

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2511201033.htm
25.Nov.2010

A coerência é um valor moral?
CONTARDO CALLIGARIS

NO FIM de semana retrasado, estive em Olinda, na Fliporto (Feira Literária Internacional de Pernambuco). No sábado, Benjamin Moser, que escreveu uma linda biografia de Clarice Lispector ("Clarice,", Cosac Naify), lembrou que, na famosa entrevista concedida à TV Cultura em 1977, a escritora afirmou que não fizera concessões, não que soubesse. Moser acrescentou imediatamente que ele não poderia dizer o mesmo. E eis que o público se manifestou com um aplauso caloroso. Talvez as palmas de admiração fossem pela suposta coerência adamantina de Clarice, que nunca teria feito concessões na vida. Talvez elas se destinassem a Benjamin Moser pela admissão sincera de que ele (como todos nós) não poderia dizer o mesmo que disse Clarice.

Tanto faz. Nos dois casos, o pressuposto é o mesmo. Que as palmas fossem pela força de caráter de Clarice ou pela honestidade de Moser ao reconhecer sua própria fraqueza, de qualquer forma, não fazer concessões parecia ser, para os presentes, uma marca de excelência moral. A pergunta surgiu em mim na hora: será que é mesmo? Posso respeitar a tenacidade corajosa de quem se mantém fiel a suas convicções, mas no que ela difere da teima de quem se esconde atrás dessa fidelidade porque não sabe negociar com quem pensa diferente e com o emaranhado das circunstâncias que mudam? Aplicar princípios e nunca se afastar deles é uma prova de coragem? Ou é a covardice de quem evita se sujar com as nuances da vida concreta?

Como muitos outros, se não como todo mundo, cresci pensando que não fazer concessões é uma coisa boa. Fui criado na ideia de que há valores não negociáveis e mais importantes do que a própria vida (dos outros e da gente). Talvez por isso me impressionasse a intransigência dos mártires cristãos (embora eu tivesse uma certa simpatia envergonhada por Pedro renegando Jesus para evitar ser reconhecido e preso). Durante anos admirei os bolcheviques por eles serem homens de ferro (a expressão é de Maiakóvski, nada a ver com "Iron Man") e desprezei Karl Kautsky, que Lênin estigmatizou para sempre como "o renegado Kautsky", por ele ter mudado de opinião sobre a Primeira Guerra, sobre a revolução proletária, sobre o bolchevismo etc. Vingança da história: Lênin se tornou quase ilegível, mas a obra principal de Kautsky, que acaba de ser traduzida, "A Origem do Cristianismo" (Civilização Brasileira), continua crucial.

Mas voltemos ao assunto. Hoje, estou mais para Kautsky do que para bolchevique; até porque descobri, desde então, que Mussolini se vangloriava gritando: "Eu me quebro, mas não me dobro". Ele se quebrou mesmo, enquanto eu me dobro e posso renegar ideias minhas que pareçam ser, de repente, inadequadas ao momento (dos outros, do mundo e meu). Olhando para trás, descubro (com certo orgulho) que, ao longo da vida, fiz inúmeras concessões, inclusive na hora de escolhas fundamentais. Poucas vezes lamentei não ter sido coerente. Mas muitas vezes lamento não ter sabido fazer as concessões necessárias, por exemplo, na hora de ajustar meu desejo ao desejo de pessoas que amava e de quem, portanto, tive que me afastar.

Alguém dirá: espere aí, então a fidelidade a princípios e valores não é uma condição da moralidade? Estou lendo (vorazmente) "O Ponto de Vista do Outro", de Jurandir Freire Costa (Garamond). O livro é, no mínimo, uma demonstração de que a forma moderna da moral não é o princípio, mas o dilema. E, no dilema, o que importa não é a fidelidade intransigente a valores estabelecidos; no dilema, o que importa é, ao contrário, nossa capacidade de transigir com as situações concretas e com os outros concretos.

A coerência é uma virtude só para quem se orienta por princípios. Para o indivíduo moral, que se orienta (e desorienta) por dilemas, a coerência não é uma virtude, ao contrário, é uma fuga (um tanto covarde) da complexidade concreta. Oscar Wilde, que é um grande fustigador de nossas falsas certezas morais, disse que "a coerência é o último refúgio de quem tem pouca fantasia" e, eu acrescentaria, de quem tem pouca coragem.

Resta absolver Clarice. Aquela frase da entrevista era, provavelmente, apenas uma reverência retórica a um lugar-comum de nosso moralismo trivial.

Profissão

"Nenhuma profissão tem as dimensões necessárias
às grandes coisas de que a verdadeira vida é feita"

Rainer-Maria Rilke, "Cartas a um poeta"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Poetry

"As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem,
mas as almas não".

Manuel Bandeira

sábado, 20 de novembro de 2010

Cidade

"To be a citizen is not to live in a society.
A citizen is one who transforms society."

Augusto Boal


&


"As cidades são imensas máquinas - megamáquinas, para retomar uma expressão de Lewis Mumford - produtoras de subjetividade individual e coletiva. (...) Desta forma, os urbanistas não deverão mais se contentar em definir a cidade em termos de espacialidade. Esse fenômeno urbano mudou de natureza. Não é mais um problema dentre outros; é o problema número um (...)"

Félix Guattari, "Caosmose - Um Novo Paradigma Estético"


&


"Foucault distingue o dispositivo da cidade ateniense como lugar de invenção de uma subjectivação: é que, segundo a definição original que lhe dá, a cidade inventa uma linha de forças que passa pela rivalidade entre homens livres. Ora, da linha sobre a qual um homem livre pode dar ordens a outros, destaca-se uma outra diferente, segundo a qual aquele que dá ordem a homens livres deve ele próprio ser mestre de si próprio. São essas regras facultativas da orientação de si próprio que constituem uma subjectivação, autónoma, mesmo se esta é chamada, em consequência disso, a fornecer novos sabres e a inspirar novos poderes."

Deleuze - "O que é um dispositivo"
http://www.prppg.ufes.br/ppgpsi/files/textos/Deleuze%20-%20O%20que%20%C3%A9%20um%20dispositivo.pdf

Evento, 29.Nov, UFC


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

counter-actualization, anti-community & swarm urbanism

DELEUZE´S WAY:
essays in transverse ethics and aesthetics

Ronald Bogue, 2007

*

But one must also act in the present, and Deleuze by no means advocates a passive acceptance of everything that befalls us. One’s orientation toward the present in Deleuzian ethics we might approach through his concept of “vice-diction” (DR 245–7/189–91), as opposed to contra-diction. (In The Logic of Sense [LS 176–8/150–52], the concept goes by the name of contre- effectuation, “counter-actualization.”) Vice-diction is the process whereby one identifies and engages the virtual events immanent within one’s present world, whereby one “counter-actualizes” the virtual. Deleuze divides this process into two complementary movements, “the specification of adjunct fields” and “the condensation of singularities” (DR 245–6/190), which he likens to an Empedoclean expansion and contraction of love and hate. The specification of adjunct fields requires an outward exploration of the virtual networks of multiple connections that come together in each present moment, as well as a critique of our representations of that present moment. The virtual eludes our commonsense representations of the world, and only in moments of disequilibrium and disorientation do we sense the virtual in its passage into the actual. One task of vice-diction is to respond to this moment of disequilibrium, this unsettling “event,” first by undoing conventional representations of our situation, and second by teasing out the proliferating interconnections among self-differentiating differences that are enveloped in this particular moment of disequilibrium. Each unsettling element of a disorienting experience reveals what Deleuze calls variously a “zone of indiscernibility,” a “line of continuous variation,” or a “singularity,” a singular, remarkable difference that generates the regular forms and shapes of the commonsense world. The virtual may be conceived of as an infinite plane of singular points, each point being a zone of indiscernibility or vector of continuous variation. The process of specifying adjunct fields consists of connecting singularities and thereby exploring the expanding surface of that infinite plane. But vice-diction involves a second moment as well: a condensation of singularities whereby one experiments on the real. We might say that vice-diction’s first moment, the specification of adjunct fields, entails an assessment of the configuration of singularities in the grand dice-throw of our present situation, and that vice-diction’s second moment, the condensation of singularities, involves a reconfiguration of singularities as we make of ourselves and our situation a second dice-throw. The object of vice-diction is not simply to comprehend the virtual differences at work in our world but also to transform them, or rather to enter into the play of virtual differences and experiment with them. Such an experimentation is a condensation of singularities in that it is an effort to engage the infinite plane of singular points and contract those points into a single event, an explosive big bang that creates new, unpredictable configurations of singularities. Vice-diction thus entails both a process of exploring and hence constructing connections among differences, and a process of undoing connections in an effort to form new ones (...)


*

Deleuze & Anti-Community..
A text by Irvin Goh (2006)

http://www.scribd.com/doc/33402118/The-Question-of-Community-in-Deleuze-and-Guattari

*

Swarm Urbanism & Deleuze

http://www.scribd.com/doc/34187441/DC-Swarm-Urbanism

Feliz... Constitucional

http://buarque.org.br/?p=8518

Tá na hora de humanizar a Constituição

Atualmente o art. da Constituição diz o seguinte: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

A CCJ aprovou, hoje (dia 10/11), a inclusão da felicidade no artigo , ficando com a seguinte redação: “São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados".

É uma mudança pequena, mas ela vai permitir uma consciência maior da importância dos direitos sociais.

Um sentimento é pensar que uma pessoa tem um pleito social na escola do filho. Outro sentimento diferente é essa pessoa perceber que esse direito social à escola é uma condição fundamental para que o filho possa bucar a sua feliciadade.

Além disso, essas poucas palavras a mais, no art. 6 º, humanizam um pouco a Constituição. Direitos sociais é uma questão política e felicidade é uma questão de sentimentos.

Cristovam Buarque.

Provas

(...)

Um dia, as escolas serão tão boas, que não haverá prova para entrar os melhores, apenas para sair os piores.

Senador Cristovam Buarque
(Pelo Twitter - 14.Nov. 2010)

la chose qu’on combat est abominable

(...)

n’imaginez pas qu’il faille être triste pour être militant, même si la chose qu’on combat est abominable. C’est le lien du désir à la réalité (et non sa fuite dans les formes de la représentation) qui possède une force révolutionnaire;

(...)

Michel Foucault
Préface à la traduction américaine du livre de
Gilles Deleuze et Felix Guattari,
L'Anti-Oedipe : capitalisme et schizophrénie.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Psicologia Econômica

http://www4.usp.br/index.php/institucional/20340-fipecafi-recebe-inscricoes-para-curso-sobre-psicologia-economica


Fipecafi recebe inscrições para curso sobre psicologia econômica
Agência USP

A Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, está com inscrições abertas para o curso Introdução à Psicologia Econômica, que acontece nos dias 25, 26 e 27, das 8h30 às 12h30 e das 14 horas às 18 horas, na sede da fundação. As aulas serão ministradas pela professora Vera Rita de Mello Ferreira, que é psicanalista, consultora e autora de livros sobre o tema.

O curso aborda a evolução de pesquisas sobre comportamento econômico, explora os diversos fatores cognitivos e emocionais presentes no processo decisório.

O programa é aberto ao público em geral, mas direcionado para profissionais e interessados no campo de Psicologia Econômica, Finanças Comportamentais e Economia Comportamental, com formação em áreas como Psicologia, Contabilidade, Economia, Administração, Políticas Públicas, Direito, Microfinanças, Informação, Serviço Social, Meio-Ambiente, Ciência Política, Sociologia, Antropologia; profissionais de bancos; auditores e contadores; planejadores financeiros pessoais; alunos e ex-alunos da Fipecafi que tenham necessidade de aprofundar os conhecimentos psico-econômicos sobre processo decisório.

As inscrições podem ser feitas no site da Fipecafi, e estão disponíveis até o dia 23.

As aulas acontecem na Rua Maestro Cardim, 1.170, Bela Vista, São Paulo, próximo às estações Paraíso e Vergueiro do metrô.

Mais informações: (11) 2184-2020, email extensao@fipecafi.org

Realismo do Virtual e do Atual

DELEUZE AND THE GENESIS OF FORM
Manuel DeLanda

http://www.artnode.se/artorbit/issue1/f_deleuze/f_deleuze_delanda.html

(...)
To quote from what is probably his most important book, "Difference and Repetition":

"Actualization breaks with resemblance as a process no less than it does with identity as a principle. In this sense, actualization or differenciation is always a genuine creation."

And Deleuze goes on to discuss processes of actualization more complex than bubbles or crystals, processes such as embryogenesis, the development of a fully differenciated organism starting from a single cell. In this case, the space of energetic possibilities is more elaborate, involving many topological forms governing complex spatio-temporal dynamisms:

"How does actualization ocurr in things themselves?...Beneath the actual qualities and extensities [of things themselves] there are spatio-temporal dynamisms. They must be surveyed in every domain, even though they are ordinarly hidden by the constituted qualities and extensities. Embryology shows that the division of the egg is secondary in relation to more significant morphogenetic movements: the augmentation of free surfaces, stretching of cellullar layers, invagination by folding, regional displacement of groups. A whole kinimatics of the egg appears which implies a dynamic".

In "Difference and Repetition", Deleuze repeatedly makes use of these "spaces of energetic possibilities" (technically refered to as "state spaces" or "phase spaces"), and of the topological forms (or "singularities") that shape these spaces. Since these ideas reappear in his later work, and since both the concept of "phase space" and that of "singularity" belong to mathematics, it is safe to say that a crucial component of Deleuzian thought comes from the philosophy of mathematics. And, indeed, chapter four of "Difference and Repetition" is a meditation on the metaphysics of the differential and integral calculus. On the other hand, given that "phase spaces" and "singularities" become physically significant only in relation to material systems which are traversed by a strong flow of energy, Deleuze philosophy is also intimately related to that branch of physics which deals with material and energetic flows, that is, with thermodynamics. And, indeed, chapter five of "Difference and Repetition" is a philosophical critique of nineteenth century thermodynamics, an attempt to recover from that discipline some of the key concepts needed for a theory of immanent morphogenesis.

At the beginning of that chapter, Deleuze introduces some key distinctions that will figure prominently in his later work, specifically the concept of "intensity", but more importantly, he reveals in the very first page his ontological commitments. It is traditional since Kant to distinguish between the world as it appears to us humans, that is, the world of phenomena or appereances, and the world as it exists by itself, regardless of whether there is a human observer to interact with it. This world "in itself" is refered to as "nuoumena". A large number of contemporary thinkers, particularly those that call themselves "postmodernists", do not believe in nuomena. For them the world is socially constructed, hence, all it contains is linguistically-defined phenomena. Notice that even though many of these thinkers declare themselves "anti-essentialist", they share with essentialism a view of matter as an inert material, only in their case form does not come from a Platonic heaven, or from the mind of God, but from the minds of humans (or from cultural conventions expressed linguistically). The world is amorphous, and we cut it out into forms using language. Nothing could be further from Deleuzian thought than this postmodern linguistic relativism. Deleuze is indeed a realist philosopher, who not only believes in the autonomous existance of actual forms (the forms of rocks, plants, animals and so on) but in the existance of virtual forms. In the first few lines of chapter five of "Difference and Repetition", where Deleuze introduces the notion of "intensity" as a key to understand the actualization of virtual forms, he writes:

"Difference is not diversity. Diversity is given, but difference is that by which the given is given...Difference is not phenomenon but the nuoumenon closest to the phenomenon...Every phenomenon refers to an inequality by which it is conditioned...Everything which happens and everything which appears is correlated with orders of differences: differences of level, temperature, pressure, tension, potential, difference of intensity".

Virtual & Animal

(...)

We could say that an animal perceives not the properties of its material environment, but the potential for action that those properties supply it with: a piece of ground is perceived not as horizontal, flat, and rigid, but as affording the opportunity to walk. Conceptually, the distinction that we need here is that between the properties of an object and its capacities: a knife may possess the property of being sharp and this may give it the capacity to cut, but the latter can only be exercised with respect to another object that has the capacity of being cut. In other words, unlike properties that an object either has or does not have, capacities are relational: a capacity to affect always goes with a capacity to be affected.


MANUEL DELANDA: Opportunities and Risks
http://lebbeuswoods.wordpress.com/2009/01/30/manuel-delanda-opportunities-and-risks/

Virtual e Atual

(...)

what exactly does "virtualization" entail? According to Levy, "virtualization consists in an exponentiation of the entity under consideration. Virtualization is not a derealization (the transformation of a reality into a collection of possibles) but a change of identity, a displacement of the center of ontological gravity of the object considered". He then offers this suggestive, incisive characterization: "Virtualization fluidizes existing distinctions, augments the degrees of freedom involved, and hollows out a compelling vacuum"

(...)
Levy's work is particularly useful in the present context because it situates the virtual in the sense of media within a philosophical notion of the virtual taken from Gilles Deleuze (that in turn hearkens back to Bergson). Levy defines the virtual as "a kind of problematic complex...that accompanies a situation, event, object, or entity, and which invokes a process of resolution: actualization". Similarly, "The virtualities inherent in a being," he writes, "its problematic, the knot of tensions, constraints, and projects that animate it, the questions that move it forward, are an essential element of its determination". The virtual is not synonymous with the possible, because something that is possible is already fully constituted; it is waiting to be realized by being chosen. The virtual is an imbricated tangle, an enfolded multiplicity that must be resolved by being actualized, and it changes in the process. Thus, reverting to the electronic textuality discussion, a hypertext is not itself "virtual"; its lexia are rather a set of possible segments that can be traversed. The virtual dimension in a philosophical sense only comes into play when a mind enters the loop. Once that occurs, a text is "virtual" in that it presents an enveloped multiplicity that may be, through interpretation, actualized in any number of ways. This sense of virtuality is indifferent to media; a novel is as virtual as a hypertext. ]


Constrained Thinking: From Network to Membrane
Paul Harris - 2000

http://www.electronicbookreview.com/thread/wuc/cognitive

terça-feira, 16 de novembro de 2010

NeuroPertença

COMPARTILHANDO...


*

NeuroFilia
Luciana Christante, 21/Maio.2009

http://scienceblogs.com.br/efeitoadverso/2009/05/neurofilia.php

*

Os incríveis avanços das neurociências nos últimos anos têm revolucionado nossa compreensão sobre o cérebro humano, além de impor grandes desafios lexicográficos. Para além da neurobiologia, da neuropsicologia, da neuroanatomia e da neuropsicofarmacologia, a quantidade de palavras com prefixo neuro vêm crescendo vertiginosamente. E tende a crescer ainda mais, podendo até, quem sabe, superar o número de neurônios de um ser humano - o inconsciente é o limite.

O fato é que as neurociências não estão mais restritas aos muros e jargões acadêmicos. Tal como axônios ávidos por formar uma sinapse, elas emitem seus prolongamentos para diversos níveis de nossa experiência diária, estimulando a criatividade de vários setores da sociedade (já há quem fale em neurodemocracia). E não é complicado usufruir seus benefícios. Um exemplo é a ginástica neural, um método inovador inventado por um brasileiro e que promete maravilhas para o seu corpinho. Aliás, para potencializar os resultados, você pode fazer uma neurodieta, turbinando assim sua neurointeligência e também sua neurofelicidade.

Agora, se em vez de cultivar o narcisismo você está mais preocupado com o futuro do planeta, informe-se sobre a neuroecologia e descubra que a Amazônia está para o cérebro assim como o desmatamento está para o mal de Alzheimer. Mas se o que anda tirando seu sono é a crise financeira mundial, a solução pode estar na neuropolítica, na neuroeconomia, nas neurofinanças e no neuromarketing, embora seja preciso reconhecer que as pesquisas nessas áreas vêm enfrentando alguns desafios neuroéticos, que para ser perfeitamente compreendidos exigem uma abordagem neurofilosófica e, em alguns casos, neuroepistemológica. (Perdoe-me se não me faço clara, estou mesmo pensando em fazer um curso de neurodidática.) Para os não-iniciados em matérias de alta complexidade neural, talvez um bom ponto de partida seja algumas noções básicas de neurohistória.

O problema do parágrafo anterior é que, se não houver moderação, suas recomendações talvez acabem por estimular excessivamente estruturas neurais associadas ao medo, à ansiedade e até à depressão, como sugerem vários estudos com ressonância magnética funcional. Falemos então de emoções positivas, de atrativos que trazem relaxamento e ainda podem fazer um afago no seu sistema de recompensa - e não pense que me refiro a drogas.

Que tal uma neuromúsica, um neurofilme ou um pouco de neuropoesia? É variado o cardápio da neuroarte, a mais alta expressão de uma neurocultura que vem rompendo a tradicional doutrina neuronal para revelar uma nova neuroestética em toda a sua neuroplasticidade. Segundo alguns neurocríticos, é uma tendência que opera sobre a experiência de alteridade e pode levar à neurogênese de algo novo e ainda incerto, que por enquanto vem sendo chamado vagamente de Neuro sapiens.

Especulações à parte, o fato é que a neuroarte já encontra aplicação na reabilitação de neuróticos e de neurofóbicos. Estes últimos, no entanto, são bem poucos. De causa desconhecida, a neurofobia ainda é uma condição pouco diagnosticada, em parte devido à falta de escalas neuropsiquiátricas específicas, em parte porque essas pessoas preferem não se identificar, temendo ser rotuladas como neurochatas. Suspeita-se que a neurofobia seja a evolução de um quadro de neurofilia crônica e não tratada, o que não deixa de ser um neuroparadoxo. É possível que o número de casos aumente nos próximos anos, segundo neuroepidemiologistas.

NeuroTheology

http://www.scilogs.eu/en/blog/biology-of-religion/2010-11-16/the-alphabets-the-brain-and-god.-the-linkean-thesis

sábado, 13 de novembro de 2010

Deliberações - VII Congresso Nacional de Psicologia 2010

VII Congresso Nacional de Psicologia 2010
CADERNO DE DELIBERAÇÕES
http://www.crp11.org.br/deliberacao_vii_cnp.pdf

(...)

Psicoterapia

• Enfatizar, pela atuação do Sistema Conselhos, entre os gestores e as instituições da área da saúde, a importância de condições físicas e materiais que possibilitem a adequação do atendimento psicoterápico e seu sigilo, considerando os diversos contextos em que esses atendimentos devem ocorrer.

• Ampliar a discussão na ANS sobre a prestação de serviços de psicoterapia nos planos de saúde para garantir a autonomia técnica do psicólogo.

• Promover novos encontros para discussão da psicoterapia, ampliar as discussões nos cursos sobre a psicoterapia, fomentar a discussão para implementação da residência em Psicologia; promover discussões e produzir documentos e ações que norteiem o exercício da psicoterapia.

• Propor ao Crepop a construção de referências para a prática de psicoterapias na saúde pública.

• Incentivar o desenvolvimento de pesquisas e publicações cientificas no campo das psicoterapias, em parceria com a Abrap, IES e outras instituições afins.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ity-city

...pensando na Cidade...
...a Cidade pensando sobre mim...
...pensando sobre a cidade...




















...VEJA ESSA ENTREVISTA...

5min13´

"(...) Let´s be clear... There was one "good argument" for Capitalism: "sooner or later, after periods of Dictatorship, 10, 20 years, Capitalism always engendered, drived towards Democracy". Now, I think it is no longer the case. I don´t see any inherent tendency, in countries like China, or a soft version, Singapore, towards Democracy -- at least the way we understand it. In other words, we are approaching a situation where, we have Capitalism which is more efficient than Western Liberal Capitalism and which inherently no longer needs Democracy" - Zizek




















Pinturas de Eduardo Cortes (1882-1969)

http://www.edouardleoncortes.com/

terça-feira, 9 de novembro de 2010

10 trilhões de graus Célsius

(...)

“Estamos muito empolgados com essa façanha”, disse Evans. “Esse processo foi feito com total segurança em um ambiente controlado, gerando bolas de fogo incrivelmente quentes e densas, com temperaturas acima de 10 trilhões de graus Celsius, um milhão de vezes mais quente que o centro da Terra.”

(...)

“Nessas temperaturas, até mesmo prótons e nêutrons derretem, resultando em uma densa sopa de (partículas) quarks e glúons, conhecida como plasma quark-íon.

http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/grande+colisor+de+hadrons+cria+minibig+bang/n1237822416612.html

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Decrescimento

http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/senador-cristovam-buarque-defende-o-decrescimento-feliz/

Meu artigo semanal publicado na edição de 28/10/2010, no O POVO.

Decrescimento feliz

Plínio Bortolotti

É interessante ser surpreendido por argumentos sobre o quais nunca se havia pensado. Aconteceu quando ouvi, pela Rádio Senado, um discurso do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Ele disse que estava na hora de se começar a debater o “decrescimento”, pois, disse o senador, os maiores problemas que o mundo enfrenta hoje advêm do crescimento da economia. Segundo ele, nos círculos intelectuais europeus já se espalha o conceito do “decrescimento feliz”. “A ideia de que é possível, e até necessário, reduzir o crescimento da produção material para que as pessoas possam viver mais felizes”.

Cristovam diz que o problema ambiental, o endividamento das pessoas, o aumento exagerado dos gastos públicos são conseqüência do crescimento da economia a qualquer preço. E que essa “bolha” vai estourar.


Para ele, a grande pergunta não é mais “como crescer”, mas “qual (tipo) de crescimento” queremos. Cristovam diz que a ânsia por crescimento tem de ser contestada, “pelo menos no nível do debate”. O senador diz que “a Europa inteira” e os Estados Unidos estão em crise, o que demonstraria não apenas uma crise “no modelo” , mas a crise de “um modelo” de desenvolvimento.

Ele dá um exemplo para mostrar o “absurdo da irracionalidade”, o fato de que toda vez que há um engarrafamento, aumenta o PIB. “Cada litro queimado de gasolina, mesmo que não o leve de um lugar a outro, aumenta o PIB. Quanto mais desperdício, mais aumenta o PIB. Há alguma coisa errada nisso. E ninguém vê.”

Cristovam levanta o assunto para dar um puxão de orelha (ele tem autoridade para isso) nos candidatos a presidente, que se abstiveram do debate sobre questões essências para o país.

Quanto ao mérito do que propõe Cristovam, sobre o “decrescimento feliz”, confesso não saber como isso seria possível, e nem ele disse no discurso. Mas que é um debate estimulante, isso é.

domingo, 7 de novembro de 2010

think large



















Mente não é o Cérebro.../Mind is not your Brain
Aula do Prof. R. Sheldrake (Trinity College)

http://www.youtube.com/watch?v=JnA8GUtXpXY

A SENSIBLE INTIMACY, FOR ALL THINGS

RATHER THAN HUMANISM - OR THE OTHER SIDE OF THE MIRROR, EXTREME CONTIGUITY - LET US PROPOSE A SENSIBLE INTIMACY, FOR ALL THINGS, HUMAN AND NOT HUMAN. RATHER THAN EXTREME UNIFORMITY, THE BLOCS OF PERCEPTS AND AFFECTS, THE CHAOTIC INDETERMINATION OF DYNAMIC CONTINUITIES, LET US PROPOSE THE SLOW-DOWN, THE INTERVAL BETWEEN WHAT HAS BEEN FELT OR SAID OR THOUGHT AND SOME EMERGENT CONCEPT, SOME NEW PERCEPTION, EMOTION, WORD OR LANGUAGE.

The Universal
(in the realm of the sensible)
beyond continental philosophy

Dorothea Olkowski, 2007

Boundaries

The different plans are myriad in number but not infinite (...) For any present, for any perspective emerging from this past, there is the influence of the many layers of the past and of many interactions, networks of interactions events (...) "The casual past of an event consists of all the events that could have influenced it. The influence must travel from some event in the past at the speed of light or less. So the light rays arriving at an event form the outer boundary of the past of an event and make up what we call the past light cone of an event"...

The Limits of Intensity and the Mechanics of Death
by Dorothea Olkowski

at

DELEUZE AND PHILOSOPHY
Ed. Constantin V. Boundas, 2006

Célere

Se, e somente se, "desacelerar é colocar um limite no caos" (D&G, O que é filosofia), então, acelerar, acelerar mais, acelerar bem muito..., então, agenciamentos céleres e acelerativos, então, dispositivos que se propõe a acelerar são...!? Acelerar é cooptar, do caos, um limite para tudo que não está contido dentro dele... Acelerar é tornar a parte-de-dentro o limite, e o lado-de-fora é, justamente, a periferia aberta e não recortada...??? É isso? A experiência é uma máquina célere?

* * *

Sobre Vertigo:
http://www.scribd.com/doc/20261346/De-Beistegui-The-Vertigo-of-Immanence-Deleuze-s-Spinozism


* * *

G. DELEUZE
Citado em: http://users.rcn.com/bmetcalf.ma.ultranet/Deleuze%20Versus%20Hegel.htm

“Representation, especially when it becomes infinite [like Hegel’s], is imbued with a presentiment of groundlessness. Because it has become infinite in order to include difference within itself, however, it represents groundlessness as a completely undifferenciated abyss, a universal lack of difference, an indifferent black nothingness. For representation began by connecting individuation to the form of the I and the matter of the self…For representation, every individuality must be personal (I) and every singularity individual (Self). Where one no longer says I, individuation also ceases, and where individuation ceases, so too does all possible singularity. Since groundlessness lacks both individuality and singularity, it is therefore necessarily represented as devoid of any difference.”

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Natural x Artificial

"Natural signs are signs founded upon passive synthesis;
they are signs of the present, referring to the present in which they signify.
Artificial signs, by contrast, are those which refer to the past or the future as distinct dimensions of the present, dimensions on which the present might in turn depend.
Artificial signs imply active systheses - that is to say, the passage from spontaneous imagination to the active faculties of reflective representation, memory and intelligence."

Deleuze - Difference and Repetition (p. 99)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

15 years ago...

... 15 anos desde a morte de Gilles Deleuze (18 Janeiro 1925 – 4 Novembro 1995) ...



* * *



(...) memory is not an actual image which forms after the object has been perceived, but a virtual image coexisting with the actual perception of the object. Memory is a virtual image contemporary with the actual object, its double, its ´mirror image´ (...) hence, there is coalescence and division, or rather oscillation, a perpetual exchange between the actual object and its virtual image: the virtual image never stops becoming actual. The virtual image absorbs all of a character´s actuality, at the same time as the actual character is no more than a virtuality. This perceptual exchange between the virtual and the actual is what defines a crystal; and it is on the plane of immanence that crystals appear. The actual and the virtual coexist, and enter into a tight circuit which we are continually retracing from one to the other. This is no longer a singularization, but an individuation as process, the actual and its virtual: no longer an actualization but a crystallization. Pure virtuality no longer has to actualize itself, since it is a strict correlative of the actual with which it forms the tightest circuit. It is not so much that one cannot assign the terms ´actual´ and ´virtual´ to distinct objects, but rather that the two are indistinguishable.

(pp. 150-151, Deleuze & Parnet - Dialogues II - publicado em 1977 na França, edição de 2007 em inglês)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Call.

Call.

CFP Special Issue of Deleuze Studies

Deleuze and the Non-West edited by Alex Taek-Gwang Lee

Is Deleuze a Western philosopher? This question seems to raise a problem that Deleuze studies should properly deal with. If Deleuzian thought belongs to the tradition of western philosophy, in what sense does the non-West regard Deleuze as a philosopher? Philosophy is always related to knowledge which does not privilege understanding. Philosophy is equal anywhere on earth. Since Descartes’ “discovery” that the non-West could think, western philosophy could no longer ignore the presence of the non-West, a philosophical otherness in reality. If philosophy argues the idea of truth, what it needs is to persuade its other. Deleuze recognized the problem of the non-West and suggested a solution with the concept of “geophilosophy.” In What Is Philosophy?, Deleuze , along with Guattari, uses this term for a philosophy of the earth. For Deleuze, thinking is not a matter of the dialectic between subject and object, but rather “the relationship of territory and the earth.” The territory-earth relationship creates the absolute plane of immanence, and Deleuze argues that Greeks invented the plane of immanence for Western philosophy. In this way, we can “speak of Chinese, Hindu, Jewish, or Islamic ‘philosophy’ … to the extent that thinking takes place on a plane of immanence that can be populated by figures as much as by concepts.” According to Deleuze, the plane of immanence is pre-philosophical, in the sense that “it becomes philosophical only through the effect of the concept.” The philosophical is always related to the non-philosophical. This means that philosophy has no internal necessity – Western philosophy is a miracle because it had accidentally encountered the territory of Greece. Therefore, it is not unusual to relate Deleuze with the non-West or place Deleuze in the non-West; rather the very Deleuzian way to speak of Deleuzian philosophy is in relation to the non-Deleuzian. With the above perspective, the special edition of Deleuze Studies seeks papers on Deleuze and the non-West.

Possible topics include but are not limited to the following:

-. The non-Western plane of immanence
-. The non-Western reception of Deleuze
-. Globalisation and Deleuzian Politics in Asia
-. Deleuze as a philosopher of non-Western ethics
-. The translation of Deleuze into non-Western languages
-. Geophilosophical studies of Deleuze
-. Deleuzian concepts and non-Western philosophy

If you would like to contribute to this special issue of Deleuze Studies please contact the issue editor Alex Taek-Gwang <taekgwang@gmail.com>The deadline for all submissions is March 2011.


Lady Gaga e a Sociologia da Fama

UMA DISCIPLINA DE UNIVERSIDADE PARA GRADUANDOS...
"LADY GAGA E A SOCIOLOGIA DA FAMA"

Universidade da Carolina do Sul, Dpto. de Sociologia

* * *


http://www.cas.sc.edu/socy/faculty/deflem/gaga.html

SOCY 398D - LADY GAGA AND THE SOCIOLOGY OF THE FAME

Professor Mathieu Deflem, Ph.D.
University of South Carolina

Department of Sociology
Class meets M-W at 4:00 p.m.




COURSE OVERVIEW

Objectives: Lady Gaga and the Sociology of the Fame (SOCY 398D) is an undergraduate course taught by Mathieu Deflem, Professor of Sociology at the University of South Carolina, Columbia, SC. The course introduces students to a sociological analysis of selected social issues related to the work of Lady Gaga. Within the framework the sociology of popular culture and music, this course specifically focuses on socially relevant elements in the rise of Lady Gaga’s popularity to her current status as a burgeoning pop music icon. The central objective of this course, then, is to unravel some of the sociologically relevant dimensions of the fame of Lady Gaga with respect to her music, videos, fashion, and other artistic endeavors, with special attention for the role of: business and marketing strategies; the role of the old and new media; fans and live concerts; gay culture; religious and political themes; sex and sexuality; and the cities of New York and Hollywood.

Framework: Please note that this is not a course in musicology or in cultural studies. Although some familiarity with the artistry of Lady Gaga’s work will be useful, this course instead focuses specifically on relevant elements of the societal context of Lady Gaga’s rise to fame. These various social issues, furthermore, are explored from a distinctly sociological perspective that is grounded in the theoretical traditions of the discipline of sociology.

Learning Outcomes: Upon successful completion of this course, students should be able to engage in sound and substantiated scholarly thinking about relevant aspects of popular culture, music, and fame, especially from the viewpoint of the scholarly discipline of sociology. Students should also have garnered empirical knowledge of some of the most important social dimensions of fame as exemplified by the case of Lady Gaga.

Prerequisites: This course is primarily designed for majors and minors in sociology, but other students with sufficient dedication in the subject matter can sign up. Focused on a popular theme, this course is relatively challenging, especially in terms of the amount of required readings. The workload will be at least 3 to 4 hours on average a week besides attending the lectures. First-year students are not advised to take this course because the scholarly approach adopted in the course might be too challenging. A necessary prerequisite for this course is SOCY 101 or another sociology 300-level course, or SOCY 507, or SOCY 540, or consent of the instructor. You can check for seat availability at the Registrar's Office (enrollment begins November 8).


CONTENTS

Part I – Analytical Framework: The Sociology of Popular Culture

a) Sociological Perspectives of Music

b) Fame and Celebrity as Social Facts

Part II – Topic of Inquiry: Lady Gaga

a) Life and Times

b) Music & Videos

Part III – Dimensions of Analysis: The Fame of Lady Gaga

a) Business and Marketing

b) Media: From Radio to Internet

c) Fans and Live Concerts

d) Gay Culture

e) Religion and Politics

f) Sex and Sexuality

g) New York (& Hollywood)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

magical


...not real, yet not unreal either...




















... the important being ...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Real...

Entre o Real e o Irreal...
Aula de Filosofia com Dzigar Kongtrul Rinpoche.

http://www.youtube.com/watch?v=9EedZlIVGTM&feature=youtube_gdata_player

Reflexão...

Compartilhando reflexões.


* * *

Revisitando Maiakoviski. Ou sobre como o silêncio pode ser mortal
Por Luiz Mello - Pesquisador do Ser-Tão e professor da Universidade Federal de Goiás
http://www.sertao.ufg.br/


Queremos casar. Fazemos abortos. Mudamos de sexo.
Amamos viados. Mulheres são nosso ideal.
E, mais que tudo, existimos e resistimos.


Quando adolescente, no final dos anos 70, uma das máximas da resistência ideológica de minha geração era um trecho de poema atribuído ao russo Maiakovski, mas que é de Eduardo Alves da Costa. Intitulado No caminho com Maiakoviski, em um trecho diz assim: “Na primeira noite eles se aproximam / e roubam uma flor / do nosso jardim. / E não dizemos nada. / Na segunda noite, já não se escondem; / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada. / Até que um dia, / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz, e, / conhecendo nosso medo, / arranca-nos a voz da garganta. / E já não podemos dizer nada”. Creio que é hora de dizermos:

SOMOS LÉSBICAS, TRAVESTIS, GAYS E TRANSEXUAIS. SOMOS MULHERES E FAZEMOS ABORTOS. REIVINDICAMOS ACESSO IGUALITÁRIO AO CASAMENTO, À UNIÃO ESTÁVEL, AO DIVÓRCIO, À INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL, À BARRIGA DE ALUGUEL, À ADOÇÃO. QUEREMOS TER DOIS PAIS HOMENS OU DUAS MÃES MULHERES. SOMOS CATÓLICOS-AGNÓSTICOS-UMBANDISTAS-EVANGÉLICOS-ATEUS E ESTAMOS EM TODOS OS LUGARES.

Não há nenhuma necessidade real de pertencermos a qualquer desses grupos ou de desejarmos usufruir qualquer dos direitos que lhes são negados. O fundamental é ter a clareza de que não se trata apenas de uma ameaça à cidadania e mesmo à sobrevivência física de pessoas homossexuais, travestis, transexuais e de mulheres heterossexuais, embora a garantia de seus direitos humanos seja um imperativo absoluto. Num nível além das aparências mesquinhas, o que está em jogo é algo precioso para todas as pessoas, por serem princípios fundamentais da vida democrática: a laicidade do Estado, a liberdade e autonomia dos indivíduos, a garantia da igualdade na esfera pública.

Agora são as mulheres e os segmentos LGBT os alvos do desejo de morte física e simbólica dos que se auto-intitulam representantes da única concepção aceitável de vida e de humanidade. Amanhã continuarão a ser eles, concretamente expulsos de seus trabalhos e perseguidos rua afora, por termos feito abortos ou por amarmos um igual... Depois de amanhã, ... poderá ser qualquer um que se torne o o(a)bjeto da ira dos intolerantes seguidores de um deus inventado para justificar uma lógica perversa de manutenção de privilégios, para os de sempre: machos-dominantes-heterossexuais e os que com eles se macomunam. Basta olhar quem são os donos do poder e quem ocupa majoritariamente os espaços de decisão política de nossa sociedade – nos poderes legislativo, judiciário e executivo, nas igrejas, no tráfico de drogas, na estrutura policial, etc.

Não sei se é lenda, mas há alguns anos ouvi uma história incrível: quando os nazistas invadiram a Dinamarca, não conseguiram prender grande número de gays e lésbicas, diferentemente do que ocorreu em muitos outros países durante a segunda guerra mundial. Antes que as prisões se tornassem um fato irremediável, centenas de milhares de dinamarqueses começaram a usar voluntariamente em suas roupas o símbolo do triângulo rosa invertido, empregado por nazistas para identificar homossexuais nos campos de concentração. A solidariedade foi a fonte da resistência. Não é à toda que muitos anos depois a Dinamarca tornou-se o berço dos direitos conjugais de lésbicas e gays na contemporaneidade.

Apenas por muito pouco estamos hoje distantes das mãos dos que se sentem no direito de dizer quem deve e quem não deve viver – e como viver -, seja por razões de Estado, seja por razões religiosas. Isso é inaceitável. Quando um grupo de pessoas se vê na iminência de perder direitos de cidadania e humanos por terem se tornado o bode expiatório da vez, toda a estrutura democrática da convivência humana está ameaçada. Num momento em que o machismo homofóbico é nitroglicerina pura e o combustível ideológico das igrejas nas disputas de poder relacionadas a um projeto de sociedade que nega direitos sexuais e reprodutivos a grupos específicos, um caminho de resistência talvez seja dizermos que somos tod@s ess@ outr@ que querem calar, castrar, excluir e aniquilar. E é urgente fazermos isso agora, desobedientemente, sem medo de assumirmos politicamente a rebeldia do oprimido que se revolta e não aceita as bases da vida desumanizada que lhe está sendo imposta. Se nos calarmos neste momento, talvez amanhã não possamos dizer mais nada.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Apenas Simulação?

... por acaso, um video-post que encontrei:
de um estudante na disciplina de Humanismo cursada comigo, na Faculdade.

só por hoje, vamos falar de angústia, espanto, terror, náusea...

http://www.youtube.com/watch?v=Fx_XpoC9ZiI

abs.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

ACP na Univ. Federal do Ceará

ATIVIDADE ACADÊMICA

70 anos da ACP: o que mais precisamos saber e fazer?

Palestrantes:
Prof. Francisco Silva Cavalcante Jr., Ph.D. (UFC)
Prof. Ms. André Feitosa de Sousa (FANOR/DeVry)
Prof. Ms. Yuri de Nóbrega Sales (Faculdade Christus/UFC)

Data: 29 de novembro de 2010
Horário: 17h30
Local: Auditório da Pró-Reitoria de Graduação da UFC
(no térreo na Biblioteca Central – campus do Pici)
Entrada Franca.

Promoção: Circulo de Estudos da Abordagem Centrada na Pessoa (CEACP) do Núcleo de Psicologia Clínica (NUPLIC) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

domingo, 24 de outubro de 2010

Cursos Livres da ACP

MINI-CURSOS VINCULADOS À DISCIPLINA DE PSICOLOGIA HUMANISTA DA GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA FANOR:


-- Teoria do Conhecimento (Epistemologia) do Humanismo com o Psic. Ms. Paulo Castelo Branco - Prof. de Psicologia (Faculdade Leão Sampaio - Juazeiro do Norte); dia 30/Out (sábado, 8h às 13h);

-- Humanismo na Cidade com Psic. Ms./Doutorando André Feitosa - Prof. de Psicologia (Faculdades Nordeste/FANOR-DeVry - Fortaleza); 13/Nov (sábado, 8h às 13h);

-- Psicoterapia Humanista com Psic. Ms./Doutorando Yuri Sales - Prof. de Psicologia (Faculdade Christus - Fortaleza); 20/Nov (sábado, 8h às 12h);

-- Crescimento Terapêutico com Psic. Ms./Doutoranda Camile Gross - Prof. de Psicologia (Universidade do Oeste de Santa Catarina - Chapecó); 26/Nov (sexta-feira, 14h às 17h30);

-- Emergência Psicológica com Psic. Ms. Ticiana Paiva - Membro do Grupo de Pesquisa em Psicologia (PUC-Campinas); 3/Dez (sexta-feira, 14h às 17h30);


* Eventos Gratuitos, sem Inscrições Antecipadas,
abertos à Comunidade Acadêmica de Fortaleza.
* Aqueles que participarem integralmente das cinco atividades, farão jus a um Certificado de 25h/aula de extensão universitária.
* Serão realizados na Sala 107 da FANOR - Av. Santos Dumont, 7800, Dunas.
* Informações: Prof. A. Feitosa - asousa3@fanor.edu.br

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Divulgando - ACP

*

Sexta-feira, 22 de Outubro, 14 às 17h30, FANOR (sala a confirmar), Gratuito

-- Professora Cláudia Delane de Castro
“Construindo uma Prática Humanista em NeuroPsicologia: Perspectivas Transculturais”

Docente da Universidade Autónoma de Lisboa Luís Camões, Responsável Técnica pelo Mestrado em Psicologia da Linguagem e Logopedia Brasileira-Portuguesa, Fonoaudióloga (UNIFOR), Psicóloga (UAL-Portugal), Especialista em PsicoMotricidade (Faculdade de Motricidade Humana-Portugal), Doutoranda em NeuroPsicologia Clínica (Universidad de Salamanca-Espanha), Habilitada pelo Ministério da Saúde Português para o exercício profissional em Terapia da Fala, Técnica em Estimulação Precoce da Infância

*

Segunda-feira, 25 de Outubro, 14 às 17h30, FANOR (sala a confirmar), Gratuito

-- Professor Alberto Segrera y Miranda
"Sociedade e Justiça numa Perspectiva Centrada na Pessoa"

Professor Emérito da Universidad Iberoamericana Ciudad de México. Mexicano, nascido em Cuba. Licenciado em Psicologia. Creador de los Foros Internacionales del Enfoque Centrado en la Persona. Fundador y Director de los Archivos Internacionales del Enfoque Centrado en la Persona. Creador y Coordinador de la Red Iberoamericana Centrada en las Personas. Cofundador de los Programas de Posgrado en Desarrollo Humano de la Universidad Iberoamericana Ciudad de México. Exmiembro del Board de la World Association for Client-Centered and Experiential Psychotherapy and Counseling. Miembro de la Comisión Gestora de la Asociación Iberoamericana del Enfoque Centrado en la Persona

*

Conferência Gratuita na Livraria Cultura - Fortaleza (Shopping Varanda Mall)
Evento Preparatório ao Fórum Internacional ACP2013 (Fortaleza, Brasil)
Projeto Celebrações 70 anos da Abordagem Centrada na Pessoa (Brasil)

-- Professor Alberto Segrera, Segunda-feira, 20h.
"Desdobramentos Contemporâneos do Pensamento de Carl Rogers: o papel dos Fóruns Internacionais"

Apoio: Curso de Psicologia - FANOR; APHETO - Lab. de Psicopatologia e Psicologia Humanista-Fenomenológica Crítica (UNIFOR); RELUS - Rede Lusófona de Estudos da Felicidade (UFC); Dpto. de Psicologia & Sociologia - Univ. Aut. de Lisboa (Portugal); Livraria Cultura Fortaleza

TODOS OS EVENTOS LISTADOS SÃO GRATUITOS E ABERTOS AO PÚBLICO, SEM INSCRIÇÃO PRÉVIA.

DIVULGUEM.

Contato e maiores informações: Prof. A.Feitosa - asousa3@fanor.edu.br

domingo, 17 de outubro de 2010

...

Sentimentos de uma amiga...

(Originalmente publicado em 15/Out, disponível em: http://mariacacunde.blogspot.com/)

*


Sonhei estar numa cidade fantasma, conversando com mortos pensando que eles eram (pelo menos) semi-vivos.
Acordei numa rede dentro de um quarto abafado, saí pra respirar ar puro, mas só veio poeira.
Tive medo de uma cabra que me olhou com estranhamento, o mesmo que tive em relação a ela, que dias depois foi oferecida pelo seu dono ao meu colega, que a recusou.
Passei alí uns dias, ouvindo e tossindo, fumando Hollywood - O cigarro do sucesso, ouvindo histórias de má sorte e boa fé.
Conheci um homem de 38 anos que sonhava em voltar a correr e brincar;
Uma parteira que era um grande livro negro ambulante;
Uma senhora que uma vez sentiu uma tontura e nunca mais se equilibrou sem ajuda farmacológica;
Um senhor "gato" cantor, que me arrancou lágrimas e sorrisos;
Bêbados tropos e tropos sóbrios.
Entrei numa casa onde no passado seis pessoas se arrastavam e de lá me arrastei até meu temporário lar, onde me deitei num chão empoeirado que fez meu choro sair pelo nariz.
Ouvi sobre as estrelas e as rezas; Debaixo do mesmo teto convivi com uma mulher extraordinariamente chata e sua pupila, com outras encantadoras, com três homens tão diferentes e agradáveis; Cantei uma música que levou ao pranto duas mulheres doces que lá conhecemos...
Passei a admirar mais uma virginiana em minha vida, com os arianos senti cumplicidade, com as aquarianas me diverti, do geminiano acabei levando o isqueiro e fui um pouco iluminada com sua luz e seu silêncio tagarela...
Perdi alguns preconceitos, vivi experiências fortes, emoções intensas, envelheci um pouco. Escutei, ouvi, escutei, ouvi, absorvi e expurguei.
Apatia e simpatia, uniões complicadas e complexas.
Não dá pra viver algo de verdade sem se colocar dentro de fato.
Eu me implico e me complico.
Abri mais minha mente, mas no último dia optei por usar um boné pra segurar o juízo.
Voltei com sinusite, bronquite e um pouquinho mais evoluida.

Próximos Eventos da ACP

Eventos de Celebração aos 35 anos de Fundação do Centro de Psicologia da Pessoa (Rio de Janeiro) – Dezembro de 2010 (Brasil)

Mini-Curso - Saúde & Tendência Formativa

10 de dezembro de 2011 (Sexta-feira).

Facilitação: André Feitosa (Fortaleza - CE)

Comemoração aos 35 anos do CPP e aos 70 anos da ACP

11 de Dezembro de 2011 (Sábado).

Participação: Mauro Amatuzzi (Campinas - SP), Luiz Henrique de Sá (Petrópolis - RJ), Luiz Alfredo Milleco (Rio de Janeiro - RJ), André Feitosa (Fortaleza - CE)



*


IX Fórum Brasileiro da ACP
– 4 a 10 de setembro de 2011 (Ilha do Marajó, PA)

XVI Fórum Iberoamericano da ACP 2012 (Santiago, Chile)

XII Fórum Internacional da ACP2013 (Fortaleza, Brasil)

X Fórum Brasileiro da ACP2013 (Cidade não escolhida, Brasil)

XI Congresso da Associação Mundial de Psicoterapia Centrada na Pessoa, Terapias Experienciais e Aconselhamento (WAPCEPC 2014) – Julho de 2014 (Buenos Aires, Argentina)

sábado, 25 de setembro de 2010

Counter Actualization x Divergent Actualization

“Deleuze calls this ability of topological forms to give rise to many different physical instantiations, a process of “divergent actualization”, taking the idea from French philosopher Henri Bergson who, at the turn of the century, wrote a series of texts where he criticized the inability of the science of his time to think the new, the truly novel”

Manuel deLanda
DELEUZE, DIAGRAMS, AND THE OPEN-ENDED BECOMING
In: Becomings: explorations in time, memory, and futures (by Elizabeth A. Grosz, 1999)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Atividades da ACP em Fortaleza

A Disciplina de "Neurociências e Neurologia" do Curso de Psicologia das Faculdades Nordeste (FANOR) CONVIDA V. Sa. para

Ciclo 2010 de Conferências Internacionais

*


Sexta-feira, 15 de outubro, 9h às 11h, FANOR (sala a confirmar), Gratuito

(Evento-Horário sujeito a mudança)

-- Senhor Professor Tito Rosa Laneiro
"Auto-Realização e Funcionamento Pleno em A. Maslow"
Docente da Universidade Autónoma de Lisboa Luís Camões, Coordenador da Pós-Graduação de Liderança e Motivação de Equipas

Licenciado em Psicologia Social e das Organizações, Master em Counselling, Doutorando em Psicologia Organizacional. Facilitador de Grupos de Encontro, de Grupos de Teambuilding e de Grupos de Psicodrama. Investigador, Consultor e Formador certificado

*


Sexta-feira, 22 de Outubro, 14 às 17h30, FANOR (sala a confirmar), Gratuito

-- Senhora Professora Cláudia Delane de Castro
“Construindo uma Prática Humanista em NeuroPsicologia: Perspectivas Transculturais”
Docente da Universidade Autónoma de Lisboa Luís Camões, Responsável Técnica pelo Mestrado e Laboratório em Psicologia da Linguagem e Logopedia

Brasileira-Portuguesa, Fonoaudióloga (UNIFOR), Psicóloga (UAL-Portugal), Especialista em PsicoMotricidade (Faculdade de Motricidade Humana-Portugal), Doutoranda em NeuroPsicologia Clínica (Universidad de Salamanca-Espanha), Habilitada pelo Ministério da Saúde Português para o exercício profissional em Terapia da Fala, Técnica em Estimulação Precoce da Infância

*


Segunda-feira, 25 de Outubro, 14 às 17h30, FANOR (sala a confirmar), Gratuito

-- Senhor Professor Alberto Segrera y Miranda
"Sociedade e Justiça numa Perspectiva Centrada na Pessoa"
Professor Emérito da Universidad Iberoamericana Ciudad de México

Mexicano, nascido em Cuba. Licenciado em Psicologia. Creador de los Foros Internacionales del Enfoque Centrado en la Persona. Fundador y Director de los Archivos Internacionales del Enfoque Centrado en la Persona. Creador y Coordinador de la Red Iberoamericana Centrada en las Personas. Cofundador de los Programas de Posgrado en Desarrollo Humano de la Universidad Iberoamericana Ciudad de México. Exmiembro del Board de la World Association for Client-Centered and Experiential Psychotherapy and Counseling. Miembro de la Comisión Gestora de la Asociación Iberoamericana del Enfoque Centrado en la Persona


*


Conferência Gratuita na Livraria Cultura - Fortaleza (Shopping Varanda Mall)
Evento Preparatório ao Fórum Internacional ACP2013 (Fortaleza, Brasil)
Projeto Celebrações 70 anos da Abordagem Centrada na Pessoa (Brasil)

-- Senhor Professor Alberto Segrera, Segunda-feira (25.Out), 20h.
"Desdobramentos Contemporâneos do Pensamento de Carl Rogers: o papel dos Fóruns Internacionais"

Apoio: Curso de Psicologia - FANOR; APHETO - Lab. de Psicopatologia e Psicologia Humanista-Fenomenológica Crítica (UNIFOR); RELUS - Rede Lusófona de Estudos da Felicidade (UFC); Dpto. de Psicologia & Sociologia - Univ. Aut. de Lisboa (Portugal); Livraria Cultura Fortaleza

TODOS OS EVENTOS LISTADOS SÃO GRATUITOS E ABERTOS AO PÚBLICO, SEM INSCRIÇÃO PRÉVIA.

Contato e maiores informações: Prof. A. Feitosa - asousa3@fanor.edu.br

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Orientais e Eslavas


V ENCONTRO DE LETRAS ORIENTAIS E ESLAVAS
"O mundo Oriental e Eslavo: entre a tradição e a modernidade"

19-21/Out, UFRJ

http://orientaiseeslavas.blogspot.com/

Atalho

*

O que está escrito pode ser também ouvido - eis o atalho:
http://www.youtube.com/watch?v=RW5AQV26aqM

*

(…)

Ironically, Deleuze introduces the crystal-image via a large detour in Bergsonian thought. In his 1908 essay The Memory of the Present and False Recognition, Bergson dealt with the phenomenon of déjà-vu, tying it to a discussion of the development of memory. Asking himself the simple question “When is a memory formed?”, Bergson concluded wonderfully that such an event must “take place” in the present (p.118).

Namely, if the memory is constituted in the past, there must exist a temporal gap that separates the present from the point of memory-formation in the past. In other words, there must be a “memory-less dead zone” between that point and the present (p.118). And, since the memory cannot be constituted in the future, the only viable option is that the memory-formation occurs in the present. The consequences of that conclusion are drastic – there must exist a “memory of the present”, which coexists virtually with each present-perception image. This virtual memory-image constitutes a shadowy counterpart to actual perception, effectively doubling the operation of time:

Since the past is constituted not after the present that it was but at the same time, time has to split itself in two at each moment as present and past… Time has to split at the same time as it sets itself out or unrolls itself: it splits in two dissymmetrical jets, one of which makes all the present pass on, while the other preserves all the past. Time consists of this split, and it is this, it is time, that we see in the crystal (Deleuze, 1989, p.81).

(…)

Deleuze opts for the ‘crystal’ metaphor in order to highlight the complex patterns of multiplication and mirroring in the merger of the actual and the virtual (Bogue, 2003, p.123). But, there are two additional reasons why the ‘crystal’ is preferred to the ‘mirror’. Namely, the crystal can be both reflective and transparent, “possessing various degrees of limpidity or opacity…varying with its surrounding conditions” (p.123). And, additionally, the ‘crystal’ introduces a genetic element to the multiplication – the process of crystallization occurring with the introduction of a “seed crystal” in liquid solutions (p.123). In crystal-formation, the virtual ‘seed’ is actualized in the crystallized liquids. Conclusively, the crystal-image has three main features: the indiscernibility of the virtual and the actual, the coexistence of limpidity and opacity and the presence of the “seed crystal” (p.124).

(…)

According to Aion, it is only the past and the future that exist (or better – subsist) in time; they “divide the present at every instant and subdivide it ad infinitum into past and future, in both directions at once” (p.188). This bidirectionality subverts the linear fixation of the present, and introduces a radical scission of time (the very same scission that we encountered in the constitution of the actual perception-image).

http://thenakedvoid.com/blog/nikola/the-crystals-of-aion-time-and-sense-in-la-jetee-1962

domingo, 19 de setembro de 2010

Contra-Assentamentos

(...) Mas a arte, a ciência, a filosofia exigem mais: traçam planos sobre o caos. Essas três disciplinas não são como as religiões, que invocam dinastias de deuses, ou a epifania de um deus único, para pintar sobre o guarda-sol um firmamento, como as figuras de uma Urdoxa de onde derivam nossas opiniões. A filosofia, a ciência e a arte querem que rasguemos o firmamento e que mergulhemos no caos. Só o venceremos a esse preço. Atravessei três vezes o Aqueronte como vencedor. O filósofo, o cientista, o artista parecem retomar do país dos mortos (...) -- G. Deleuze...

*

(...) Cada uma delas, à sua maneira, é um esforço de luta contra o caos de nossas idéias, um esforço de se conseguir um mínimo de ordem. Cada uma delas é uma reação contra a opinião, que nos promete o impossível: vencer o caos. Só a morte vence o caos, só não há caos quando já não há nada (...) De volta do caos, do mundo dos mortos, o filósofo traz variações conceituais, o cientista traz variáveis funcionais e o artista traz variedades afetivas. Todas as três figuras - a do filósofo, a do cientista e a do artista (...) Lutando com o caos, filosofia, ciência e arte aprendem que, de fato, não é ele o real inimigo: “diríamos que a luta contra o caos implica afinidade com o inimigo, porque uma outra luta se desenvolve e toma mais importância, contra a opinião que, no entanto, pretendia nos proteger do próprio caos”. -- S. Gallo...


http://www.arq.ufsc.br/esteticadaarquitetura/deleuze_e_a_educacao_parte_um.pdf

*

Só não há Kaos quando já não há nada...
Quando já não há Organismo...

Choveu;
Morreu.
Meros Verbos Intransitivos:
que não exigem complemento.

Afectos como Transitividades, Transacionamentos...
Pós-Orgânico como Contra-Atualizante, Contra-Territorializações, Contra-Assentamentos...
Transições que nos arranquem da Organicidade-Plataforma-de-Atualizações.
Transições para o Corpo-Sem-Órgãos, Corpo-Virtual...
Corpo Pedal em vez do Corpo Carrossel.

Foram os Humanistas que nos sugeriram imediata tradução do Non-Actualized Singularities em Actualized-Matter? Ora, ora... a ênfase na Atualização nos fez esquecer (nós, Humanistas), que a Atualização segue o Ideal das Luzes e/ou o Ideal do Eu!? Atualizar a partir do Virtual, Atualizar a partir do Formativo: converter... podemos realizar a trajetória inversa, qual seja: Contra-Atualizar para retomar o fluxo Formativo??? É por isso que o "Tornar-se" de Rogers é Atualizante enquanto o "Tornar-se" de Deleuze é Contra-Atualizante?

*

*

*

*

*

sábado, 18 de setembro de 2010

Viagem

Em Trânsitos, Viajando...
Estou Viajando nessas quatro próximas semanas.

Nessa terça-feira, chego no além-mar do Velho Continente, na cidade velha - uma das mais velhas... Lisboa.

Abs, do Senhor Doutorando André da Feitosa, Feitosa que é freguesia no Concelho de Ponte de Lima e pertence ao Distrito de Viana do Castelo (Norte de Portugal, de Lisboa para Coimbra, de Coimbra para Porto, de Porto à Braga e de lá para Feitosa). -- Vejam no Google Maps!


"(...) As vidas dos professores raramente são interessantes. Claro, há as viagens, mas os professores pagam suas viagens com palavras, experiências, colóquios, mesas-redondas, falar, sempre falar. Os intelectuais têm uma cultura formidável, eles têm opinião sobre tudo. Eu não sou um intelectual, porque não tenho cultura disponível, nenhuma reserva. O que sei, eu o sei apenas para as necessidades de um trabalho atual, e se volto ao tema vários anos depois, preciso reaprender tudo. É muito agradável não ter opinião nem idéia sobre tal ou qual assunto. Não sofremos de falta de comunicação, mas ao contrário, sofremos com todas as forças que nos obrigam a nos exprimir quando não temos grande coisa a dizer. Viajar é ir dizer alguma coisa em outro lugar, e voltar para dizer alguma coisa aqui. A menos que não se volte, que se permaneça por lá (...)"

G. Deleuze... Conversações. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992, pp. 171-172