sábado, 29 de outubro de 2011

DSM-5 e Petição da Divisão 32 da APA

Mais que Humanismo Americano, Humanismo Experiencial, Humanismo Rogeriano, Humanismo Existencial, Humanismo Fenomenológico, Humanismo Existencial-Fenomenológico, Humanismo e Psicologia Profunda, Humanismo e Transpessoal, Humanismo e Psicoterapias Corporais... a "Terceira Força" em Psicologia (agrupada na Divisão 32 da Associação de Psicologia Americana - APA) foi o berço de importantes críticas e rupturas na segunda metade do século XX: aqui se gestaram concepções muito particulares à Psicologia, à Psicoterapia e à Teoria da Personalidade, modos e metodologias que não se reduzem às sociologias, antropologias e filosofias políticas.

Nessa semana, com apenas os dias iniciais de circulação, 2000 assinaturas estão peticionando à Comissão que organiza o DSM-5, arguindo critérios e parâmetros diagnósticos... na mesma lista de protesto, também subscrevem as Divisões 7, 27, 35 e 49 (da APA), além do "Conselho do Reino Unido para Psicoterapia" e da "Rede de Psicologia Construtivista"... VOCÊ JÁ ASSINOU?


http://www.ipetitions.com/petition/dsm5/?utm_medium=social&utm_source=facebook&utm_campaign=button

sábado, 15 de outubro de 2011

Ao Mestre, meu tributo e carinho

Copiando do Facebook...
Hoje, sábado, 15 de novembro de 2011

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"Parabéns ao seu dia, particular e tão especialmente seu, em nome dos raros, e sempre míngües e raros, diletos professores que como você ofertou-nos um bem generoso ao futuro dos homens e ao nosso destino comum. Não me sinto a vontade para celebrar no infinitivo, no gerúndio, no indefinido, para louvar por uma data que, no abstrato, impedindo-me de enxergar os passos de cada feito, imponha-me a cumplicidade das tormentas educacionais entre pessoas, instituições e seus momentos históricos. Entretanto, que nenhum prejuízo na aprendizagem, cometido a qualquer tempo, em qualquer lugar, sob qualquer pretexto, seja maior que o agradecimento e o amor dirigido àqueles poucos homens que, tais como você, puderam desalojar e maturar, em almas infinitamente vulneráveis e frágeis, a capacidade de tornarem-se grandes, sedentas, floridas. Longa vida ao nosso príncipe, longa vida ao mestre de uma geração de novos mestres, longa vida ao seu compromisso e seu amor pelo saber, longa vida à Universidade que encontramos em suas mãos. Longa vida, assim desejo e espero, para que seu coração suporte o delírio desse mundo. Longa vida aos teus olhos de mistério, que sabem amar às nuvens do desconhecido. Vida, muita vida de proteção e magia, ao Professor Francisco Cavalcante Junior que atravessou nossos desertos, e alí fez surgir jardins: aos seus pés, nossas flores e reverências, nós, os Terapóns da Psiké, aqueles que aprenderam sobre a Jornada de Éros. Longa vida ao homem que nos foi o professor, o supervisor de clínica, o formador, o coordenador de pesquisa, o orientador de iniciação científica, de monografia, de mestrado, de doutorado, o sábio, o amigo, o amor. EwoÉros!" -- André Feitosa.

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"Emocionado, agradeço àquele com quem mais aprendi sobre tudo o que faço na minha vida, meu pai: Prof. Francisco Silva Cavalcante. Seus sonhos e ideais também são meus. A minha casa foi uma extensão da Universidade. Os campi da UFC e, posteriormente, da UNIFOR, o quintal da minha casa. Neles brinquei, assisti aulas e aprendi a ser professor com o meu grande Mestre Pai Cavalcante, que aos 15 anos precisou sair do interior para ganhar a vida na cidade grande. Em Fortaleza, começou a lecionar aos 16 anos de idade como forma de sobrevivência e no ano seguinte é convidado pelo Prof. Edilson Brasil Soares, um visionário da educação cearense, a ser professor de Matemática. Ele ministrou aulas até o seu último dia de vida aos 74 anos. O Prof. Cavalcante nunca se formou em Matemática, não fez mestrado ou doutorado e foi o responsável por trazer e formar os professores da Matemática Moderna que temos no Ceará. A este sábio e pessoa com a maior humildade que já conheci na minha vida, dedico a linda homenagem que me oferta André Feitosa de Sousa, esperando que o meu coração seja mais forte do que o dele e que os colegas da UFC não façam comigo o que fizeram com o coração dele. Estou na UFC para esperançar a trans-form-ação (ação para além das formas e das fôrmas). Que possamos, juntos, aprender o verdadeiro sentido de Amar." -- Cavalcante Jr.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Humanistic Psychology International Summer School

Message #1

October 1st, 2011

Dear International Humanistic Colleagues,

We would like to invite you to consider being part of a transformative opportunity that is to take place in Brazil (Summer 2013). We are in the planning stages for an event that will directly follow the International Forum for the Person-Centered Approach (May 26th – June 1st 2013). The event we are imagining would be like a “Humanistic Psychology Summer School” that could bring together students and faculty from around the world. This event would consist of two weeks (Post-Conference, June 2nd – 12th 2013) of workshops, demonstrations, experiential trainings as well as opportunities for field trips, community interactions and most importantly cross-cultural exchanges. Hence, we are speaking of an 18-day program in Brazil, including Conference and Post-Conference activities.

Here is what we are looking for:

· A person at your institution who would be a contact for the “summer school committee”. At first, this might include planning the event and possibly engaging in conference calls that would set the agenda. Later, it may include promoting the opportunity to students and faculty at your school.

· Faculty members who are interested in conducting workshops and/or “mini-courses” that aim at skill building, experiential learning, group and community work, or cross-cultural sharing.

· Persons with the desire to network with other international psychologists. Our goal is to attract both students and faculty members from different continents who are invested in one of the Humanistic Psychologies including but not limited to: Rogerian, Existential, Constructivist, Phenomenological, Experiential, Transpersonal, Biodynamic/Body-oriented, Gestalt, Focusing, Psychodrama, Logotherapy, Integrative, Positive, and Art therapy perspectives.

· Students and professionals belonging to a broad range of Humanistic areas since this “Force” goes beyond Clinical Psychology. We welcome persons involved in Psychotherapy, Counseling, Therapy, Education, Pedagogy, Learning, Social Service, Group Work, Management/Leadership, Nursing, Health/Mental Health, Care & Healing professions, Ecology, Spirituality, Arts and Humanities as well as individuals with personal or research interest on issues of Self-development, Emotions, Meaning, Culture, Diversity, Interpersonal Relations, Social Abilities, Change Processes, among others.

The major goal of this event is to draw together experts and students so that we can learn about different modes and expressions of the Humanistic Psychologies and we can improve our skills, our presence and our conceptual tool-box. In addition, we know we will be enriched by the opportunity of cultural exchange, not just with our Brazilian and Latin-American hosts, but between all the different representatives of countries that we hope will participate at this significant meeting.

Please let us know if you OR someone you know might be interested in this International Program. We would appreciate you asking your graduate students if they might want to get involved with project. Please respond to us by Friday, October 21st, 2011 through email at: school2013humanist@gmail.com if you are interested in this project. We also hope you will join our growing global community on Facebook at “Society for Humanistic Psychology” and “Students of Humanistic Psychology”.

Sincerely,

André Feitosa – Brazil (Northeastern Colleges – FANOR)
andre_feitosa@msn.com
Yuri Sales – Brazil (Northeastern Colleges – FANOR)
yurisnobrega@yahoo.com.br
Richard Bargdill – USA (Virginia Commonwealth University)
rwbargdill@comcast.net
Rochelle Suri – India (Private Practice)
rochelle9@gmail.com

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Message # 2

Dear Colleagues and Fellows,

Greetings from the most clear, deep and blue skies at Northeastern Brazil! We appreciate your willingness to support this international initiative. Thank you both for your prompt feedback and also the opportunity of furthering this exchange between different cultures, generations and intellectual atmospheres.

We are a group of four initial people who got together to imagine a collaborative global endeavor within this broad renaissance/flourishing of Humanistic Psychology during this first decade of 21st. century. Before writing/suggesting anything in terms of curricula/syllabus/schedules for that seminal idea, we thought it would be interesting to share/spread an open invitation letter with people around the continents.

From that letter, you probably read this program would happen during late May, early June 2013, at the Capital of Fortaleza (Brazilian State of Ceará), as a Post-Conference activity that follows the International Forum of the Person-Centered Approach and most likely in a format of “Summer School”, under the motivation of dialoguing with those theories and approaches traditionally related with “Humanistic Psychologies/Psychotherapies” and Humanistic Movement/Third Force in Psychology”.

Myself and my colleague from Brazil, Yuri Sales, we are available to invest our time as to create the most affordable and meaningful learning environment, including field activities and strong community participation. Our colleagues Richard Bargdill (USA) and Rochelle Suri (USA/INDIA) are enthusiastic about the potential of such transcultural event becoming a possibility of globally advancing Humanistic Psychology (HP) for the new/next generations.

At this point, we are looking for individuals and institutions which would appreciate to take part at this on-going “swarming” process, especially considering each one passions/interests, research topics, clinical expertise or ideas on how to actively engage – therefore, we are seeking an event sensation far more complex than just an aspiration to attend a conference. We already have a list of about 20 people who positively answered that call, and it may be the case we will finish this initial process within the next weeks, as to contact and start working with this committee.

If there is a chance to involve more people at this project – especially students from different nationalities –, we shall design something like a proposal within the next two-three months, in order to provide them with time and at least a good chance to require support-credit recognition at their home institutions. We can imagine “funding” and “credit” will be the major issue for students´ decisions, with influence over the participation of young professionals/clinicians and researchers/instructors/professors – we assume these groups are an important part of all this effort, for they will become the future of Humanistic Psychology during these coming years.

We kindly ask you to consider sharing these news with other potential interested people, lists, groups and institutions, particular with your students or students you may know, both undergraduate and graduate/postdocs, as well as your group lists and colleagues, early-career professionals and young scholars. Please let us know if you may have another relevant question for your decision at this moment. Our contact is: school2013humanists@gmail.com .

We hope you will be a part of this activity which is certainly one of a kind. On behalf of the planning committee, we would like to extend you a truly warm welcome and look forward to your contribution and participation. May you succeed at your visit in our Country, may you also find a pleasant stay at our City and your most meaningful participation at this International Summer School. We do hope to see you at Ceará State, this coming May-June 2013, and let us make sure we try our best to provide you with an unforgettable cultural experience in Latin-America. Welcome Brazil 2013, an event for all memories and dreams!

Very Cordially, André Feitosa

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"A espiritualidade do budismo light é semelhante a uma Louis Vuitton falsa. Brega."

Algumas reflexões de Pondé,
tipicamente de um anti-humanista brilhante;
apesar de suas posições de direita...

Numa outra posição de esquerda,
os argumentos de Zizek,
transcritos abaixo,
seguem raciocínio semelhante...

Podemos não concordar, com os excessos num e noutro,
mas os argumentos fazem-nos pensar...

*





TEXTO DE LUIZ FELIPE PONDÉ
Folha de São Paulo - Ilustrada
26 de setembro de 2011

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2609201118.htm

Religião Sustentável

Recebemos, recentemente, a visita do líder religioso budista tibetano Dalai Lama. Os iniciados tiveram surtos místicos?
Nada contra ele. De fato, o líder budista tem uma imagem positiva no Ocidente, ao contrário do papa Bento 16, que é visto como conservador.
O Dalai Lama defende tudo que gente legal defende: o verde, a tolerância com o "outro", um capitalismo do bem, enfim, uma religião sustentável nos termos que ocidentais que migram pra religiões orientais costumam gostar, ou seja, de baixo comprometimento religioso. Além de, nela, não ter nenhum parente chato.
Uma religião sustentável é uma religião na qual ninguém tem de sustentar nada além de uma dieta balanceada, uma bike legal e um pouco de meditação durante a semana. De empresários "do bem" aos falantes da língua tibetana, muita gente correu pra ouvir essa sabedoria "estrangeira".
Religiões são sistemas de sentido. A vida, aparentemente sem muito sentido, precisa de tais sistemas. A profissão pode ser um. A dedicação aos filhos, outro. A história, a natureza, grana também serve. Enfim, muita coisa pode dar sentido a uma existência precária como a nossa, mas nada se compara a uma religião.
Para funcionar, as religiões têm de garantir crenças e constranger comportamentos a partir de liturgias, mitos, exercícios de poder sacerdotais e regras cotidianas munidas de "sentido cósmico".
Você não "acessa" o sentido oferecido sem "pagar", com a própria adesão, o pacote completo. Isso serve para o catolicismo e para o budismo, ao contrário do que pensa nossa vã filosofia "nova era". No Oriente, o budismo é uma religião como qualquer outra, cheia de vícios e abusos.
A crítica à religião no Ocidente passou pela mão de grandes pensadores. Freud disse que religiosos são obsessivos que não sobreviveram bem à falta de amor incondicional da mãe e à miserável castração do pai verdadeiro, daí creem num Deus todo-poderoso que os ama.
Nietzsche identificou o ressentimento como marca dos religiosos que são todos uns covardes. Feuerbach sacou que Jesus é a projeção alienante de nosso próprio potencial.
Marx acrescentou que essa alienação é concreta e que se ganha dinheiro com isso. Enfim: o religioso é um retardado, ressentido, alienado e pobre, porque gasta dinheiro com o que não deve, a saber, os "profissionais de Deus".
O que eu acho hilário é como muito "inteligentinho" acha que o budismo seja uma religião diferente das "nossas".
Ela seria sem "vícios" e "imposições". Pensam, em sua visão infantil das religiões orientais, que dramas sexuais só afetam celibatários de Jesus e não os de Buda, e que o budismo, por exemplo, é "legal", porque não tem a noção de pecado.
O budismo ocidental que cultua o Dalai Lama é o que eu chamo de budismo light. O perfil desse budista light é basicamente o seguinte.
Vem de classe social elevada, fala línguas estrangeiras, é cosmopolita, se acha melhor do que os outros (apesar de mentir que não se acha melhor, claro), tem formação superior, mora na zona oeste ou na zona de sul de São Paulo, come alimentos orgânicos (caríssimos) e é altamente orientado para assuntos de saúde do corpo (um ganancioso com a vida, claro).
E, acima de tudo, acha sua religião de origem (judaísmo ou catolicismo, grosso modo) "medieval", dominada pelo interesse econômico, e sempre muito autoritária.
Na realidade, as causas da migração para o budismo light costumam ser um avô judeu opressivo, uma freira chata e feia na escola e uma revolta básica contra os pais.
Em extremos, a recusa em arrumar o quarto quando adolescente ou um escândalo de pedofilia na Igreja Católica. Além da preguiça de frequentar cultos e de ter obrigações religiosas.
Enfim, essas são a bases reais mais comuns da adesão ao budismo light, claro, associadas à dificuldade de ser simplesmente ateu.
A busca por uma espiritualidade light é como a busca por uma marca de jeans, uma pousadinha numa praia deserta no Nordeste ou um restaurante de comida étnica da moda.
A espiritualidade do budismo light é semelhante a uma Louis Vuitton falsa. Brega.


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TEXTO DE SLAVOJ ZIZEK
Folha de São Paulo
13 de abril de 2008

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1304200807.htm

O Tibete não é isso tudo

As notícias publicadas em toda a mídia nos impõem uma imagem determinada que é mais ou menos como segue. A República Popular da China, que, nos idos de 1949, ocupou ilegalmente o Tibete, durante décadas promoveu a destruição brutal e sistemática não apenas da religião tibetana, mas também da própria identidade dos tibetanos como povo livre. Os protestos recentes do povo tibetano contra a ocupação chinesa foram novamente sufocados com força policial e militar bruta.

Como a China está organizando os Jogos Olímpicos de 2008, é dever de todos nós que amamos a democracia e a liberdade pressionarmos a China para devolver aos tibetanos aquilo que ela lhes roubou; não se pode permitir que um país que possui um histórico tão deficiente em matéria de direitos humanos passe uma mão de cal sobre sua imagem com a ajuda do nobre espetáculo olímpico.

O que farão nossos governos? Vão ceder ao pragmatismo econômico, como de costume, ou encontrarão a força necessária para colocar nossos mais elevados valores éticos e políticos acima dos interesses econômicos de curto prazo? Embora a atividade chinesa no Tibete sem dúvida tenha incluído muitos atos de destruição e terror assassino, existem muitos aspectos dela que destoam dessa imagem simplista de "mocinhos versus vilões".

Enumero, a seguir, nove pontos a serem mantidos em mente por qualquer pessoa que faça um julgamento sobre os fatos recentes no Tibete.

Poder protetor

1) Não é fato que até 1949 o Tibete era um país independente, que então foi repentinamente ocupado pela China. A história das relações entre eles é longa e complexa, e em muitos momentos a China exerceu o papel de poder protetor. O próprio termo "dalai-lama" é testemunho dessa interação: reúne o "dalai" (oceano) mongol e o "bla-ma" tibetano.

2) Antes de 1949, o Tibete não era nenhum Xangri-Lá, mas um país dotado de feudalismo extremamente rígido, miséria (a expectativa média de vida pouco passava dos 30 anos),
corrupção endêmica e guerras civis (sendo que a última, entre duas facções monásticas, ocorreu em 1948, quando o Exército Vermelho já batia às portas do país). Por temer a insatisfação social e a desintegração, a elite governante proibia o desenvolvimento de qualquer tipo de indústria, de modo que cada pedaço de metal usado tinha que ser importado da Índia. Mas isso não impedia a elite de enviar seus filhos para estudar em escolas britânicas na Índia e transferir seus ativos financeiros a bancos britânicos, também na Índia.

3) A Revolução Cultural que devastou os mosteiros tibetanos na década de 1960 não foi simplesmente "importada" dos chineses: na época da Revolução Cultural, menos de cem guardas vermelhos foram ao Tibete, de modo que as turbas de jovens que queimaram mosteiros foram compostas quase exclusivamente de tibetanos.

4) No início dos anos 1950, começou um longo, sistemático e substancial envolvimento da CIA na incitação de distúrbios anti-China no Tibete, de modo que o receio chinês de tentativas externas de desestabilizar o Tibete não era, de modo algum, "irracional".

5) Como demonstram as imagens veiculadas pela TV, o que está acontecendo agora nas regiões tibetanas já não é mais um protesto "espiritual" pacífico de monges (como o que aconteceu em Mianmar um ano atrás), mas (também) bandos de pessoas matando imigrantes chineses comuns e incendiando suas lojas. Logo, devemos avaliar os protestos tibetanos segundo os mesmos critérios com os quais julgamos outras manifestações violentas: se tibetanos podem atacar imigrantes chineses em seu próprio país, por que os palestinos não podem fazer o mesmo com colonos israelenses na Cisjordânia?

6) É fato que a China fez grandes investimentos no desenvolvimento econômico do Tibete e em sua infraestrutura, educação, saúde etc. Para explicar em termos simples: apesar de toda a opressão inegável, nunca, em toda sua história, os tibetanos medianos desfrutaram de um padrão
de vida comparável ao que têm hoje.

7) Nos últimos anos, a China vem mudando sua estratégia no Tibete: a religião despida de política hoje é tolerada e mesmo apoiada. Mais do que na pura e simples coação militar. Em suma, o que escondem as imagens veiculadas pela mídia de soldados e policiais chineses brutais espalhando o terror entre monges budistas é a muito mais eficaz transformação socioeconômica em estilo americano: dentro de uma ou duas décadas, os tibetanos estarão reduzidos à situação dos indígenas americanos nos EUA. Parece que os comunistas chineses finalmente entenderam a
lição: de que vale o poder opressor de polícias secretas, campos e guardas vermelhos destruindo monumentos antigos, comparado ao poder do capitalismo sem freios, quando se trata de enfraquecer todas as relações sociais tradicionais?

Ideologia "new age"

8) Uma das principais razões por que tantas pessoas no Ocidente tomam parte nos protestos contra a China é de natureza ideológica: o budismo tibetano, habilmente propagado pelo dalai-lama, é um dos pontos de referência da espiritualidade hedonista "new age", que está rapidamente se convertendo na forma predominante de ideologia nos dias atuais.

Nosso fascínio pelo Tibete o converte numa entidade mítica sobre a qual projetamos nossos sonhos. Assim, quando as pessoas lamentam a perda do autêntico modo de vida tibetano, não estão, na verdade, preocupadas com os tibetanos reais.

O que querem dos tibetanos é que sejam autenticamente espirituais por nós, em lugar de nós mesmos o sermos, para continuarmos a jogar nosso desvairado jogo consumista. O filósofo francês Gilles Deleuze [1925-75] escreveu: "Se você está preso no sonho de outro, está perdido". Os manifestantes que protestam contra a China estão certos quando contestam o lema olímpico de Pequim, "Um mundo, um sonho", propondo em lugar disso "um mundo, muitos
sonhos".

Mas eles devem tomar consciência de que estão prendendo os tibetanos em seu próprio sonho, que é apenas um entre muitos outros.

9) Para concluir, a dimensão realmente nefasta do que vem acontecendo hoje na China está em outra parte. Diante da atual explosão do capitalismo na China, os analistas freqüentemente indagam quando vai se impor a democracia política, o acompanhamento político "natural" do
capitalismo.

Essa questão com freqüência assume a forma de outra pergunta: até que ponto o desenvolvimento chinês teria sido mais rápido se fosse acompanhado de democracia política? Mas será que isso é verdade? Numa entrevista há cerca de dois anos, [o sociólogo] Ralf
Dahrendorf vinculou a crescente desconfiança com que a democracia vem sendo vista nos países pós-comunistas do Leste Europeu ao fato de que, após cada mudança revolucionária, a estrada que conduz à nova prosperidade passa por um "vale de lágrimas".

Ou seja, após o colapso do socialismo não se pode passar diretamente para a abundância de uma economia de mercado bem-sucedida: o sistema socialista limitado, porém real, de bem-estar e segurança precisou ser desmontado, e esses primeiros passos são necessariamente dolorosos.

Vale de lágrimas

O mesmo se aplica à Europa Ocidental, onde a passagem do Estado de Bem-Estar Social para a nova economia global envolve renúncias dolorosas, menos segurança e menos atendimento social garantido. Para Dahrendorf, o problema é resumido pelo fato de que essa dolorosa passagem pelo "vale de lágrimas" dura mais tempo que o período médio entre eleições (democráticas), de modo que é grande a tentação de adiar as transformações difíceis, optando por ganhos eleitorais de curto prazo. Não surpreende que os países mais bem-sucedidos do Terceiro Mundo, em termos econômicos (Taiwan, Coréia do Sul, Chile), tenham adotado a democracia plena só após um período de governo autoritário.

Esse raciocínio não seria o melhor argumento em defesa do caminho chinês em direção ao capitalismo, em oposição à via seguida pela Rússia? Seguindo o caminho percorrido pelo
Chile e a Coréia do Sul, os chineses usaram o poder irrestrito do Estado autoritário para controlar os custos sociais da passagem para o capitalismo, desse modo evitando o caos.

Em suma, uma combinação esdrúxula de capitalismo e governo comunista, longe de ser uma anomalia ridícula, mostrou ser uma bênção (nem sequer) disfarçada: a China se desenvolveu na velocidade em que o fez não apesar do governo comunista autoritário, mas devido a ele. E se aqueles que se preocupam com a falta de democracia na China estiverem na realidade preocupados com o desenvolvimento acelerado da China, que faz dela a próxima superpotência global, ameaçando a primazia do Ocidente?

Há mesmo um outro paradoxo em ação aqui: e se a prometida segunda etapa democrática que vem após o vale de lágrimas autoritário nunca chegar? É isso, possivelmente, que é tão perturbador na China de hoje: a idéia de que seu capitalismo autoritário talvez não
seja apenas um resquício de nosso passado, a repetição do processo de acúmulo capitalista que se desenrolou na Europa entre os séculos 16 e 18, mas sim um sinal do futuro. E se "a combinação agressiva entre o chicote asiático e o mercado acionário europeu" se mostrar economicamente mais eficiente que nosso capitalismo liberal? E se ela assinalar que a democracia, tal como a conhecemos, não é mais condição e motor do desenvolvimento econômico, e sim um obstáculo a ele?

SLAVOJ ZIZEK é filósofo esloveno e autor de "Um Mapa da Ideologia"

domingo, 9 de outubro de 2011

PRAGMATISMOS E SUAS PSICOLOGIAS/PSICOTERAPIAS CORRESPONDENTES

SEMINÁRIO FANOR - PRAGMATISMOS E SUAS PSICOLOGIAS/PSICOTERAPIAS CORRESPONDENTES

Tema: "Linhas Paralelas encontram-se no Infinito..."

Prof. Tiago Magalhães (FANOR e FCRS), Psicólogo com formação em Análise do Comportamento
Prof. André Feitosa (FANOR), Psicólogo com formação em Abordagem Centrada na Pessoa

AGENDE-SE:
20 de outubro de 2011, quinta-feira, 16h30-19h, FANOR
Evento Gratuito e Aberto à Comunidade
Gentileza, divulgar entre listas e grupos de potenciais interessados

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Crescer? Decrescer?

Humanismo - "Crescimento" - Progresso & Desenvolvimento
Metáforas "infinitas" do Humanismo: Crescimento, Realização, Potencial...

(...)

...Humanismo em Transição ao Decrescimento...


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JORNAL O POVO
http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/

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28/10/10
Decrescimento feliz
Plínio Bortolotti

É interessante ser surpreendido por argumentos sobre o quais nunca se havia pensado. Aconteceu quando ouvi, pela Rádio Senado, um discurso do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Ele disse que estava na hora de se começar a debater o “decrescimento”, pois, disse o senador, os maiores problemas que o mundo enfrenta hoje advêm do crescimento da economia. Segundo ele, nos círculos intelectuais europeus já se espalha o conceito do “decrescimento feliz”. “A idéia de que é possível, e até necessário, reduzir o crescimento da produção material para que as pessoas possam viver mais felizes”.
Cristovam diz que o problema ambiental, o endividamento das pessoas, o aumento exagerado dos gastos públicos são conseqüência do crescimento da economia a qualquer preço. E que essa “bolha” vai estourar.
Para ele, a grande pergunta não é mais “como crescer”, mas “qual (tipo) de crescimento” queremos. Cristovam diz que a ânsia por crescimento tem de ser contestada, “pelo menos no nível do debate”. O senador diz que “a Europa inteira” e os Estados Unidos estão em crise, o que demonstraria não apenas uma crise “no modelo” , mas a crise de “um modelo” de desenvolvimento.
Ele dá um exemplo para mostrar o “absurdo da irracionalidade”, o fato de que toda vez que há um engarrafamento, aumenta o PIB. “Cada litro queimado de gasolina, mesmo que não o leve de um lugar a outro, aumenta o PIB. Quanto mais desperdício, mais aumenta o PIB. Há alguma coisa errada nisso. E ninguém vê.”
Cristovam levanta o assunto para dar um puxão de orelha (ele tem autoridade para isso) nos candidatos a presidente, que se abstiveram do debate sobre questões essências para o país.
Quanto ao mérito do que propõe Cristovam, sobre o “decrescimento feliz”, confesso não saber como isso seria possível, e nem ele disse no discurso. Mas que é um debate estimulante, isso é.

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03/02/2011
Tratado do decrescimento sereno
Plínio Bortolotti

Na edição de 28/10/2010 escrevi o artigo Decrescimento feliz, a partir de um discurso do senador Cristóvam Buarque (PDT-DF), pois me surpreendera o tema: a defesa de que os principais males atuais da humanidade vêm do crescimento excessivo das economias. E não o contrário.
Recebi alguns e-mails; um dos leitores, encontrei casualmente. Ele me disse ter lido o artigo, indicando-me um livro: “Pequeno tratado do decrescimento sereno” (2009), do economista francês Serge Latouche.
Nas suas duas primeiras duas partes o livro apresenta os argumentos que sustentam a tese: “O crescimento infinito é incompatível com um mundo finito” e que “estamos a bordo de um bólido sem piloto, sem marcha a ré e sem freio, que vai se arrebentar contra os limites do planeta”. A terceira parte se constitui um programa político para o decrescimento.
Na sua proposta “subversiva”, Latouche confronta até os ecologistas do “crescimento sustentável”. Para ele, “o desenvolvimento é uma palavra tóxica, qualquer que seja o adjetivo com que a vistam”. No mesmo saco, ele põe partidos de esquerda: “O capitalismo e socialismo produtivista são variantes de um mesmo projeto de crescimento”.
Com dados do instituto californiano Redifining Progress e do World Wide Found (WWF), mostra que a humanidade consome quase 30% a mais da capacidade de regeneração da biosfera”, e que se o padrão de consumo da humanidade fosse igual a dos americanos, seria preciso seis outros planetas terra para sustentá-lo.
Para Latouche, “quase todo mundo” concorda que se chegou a uma encruzilhada, “mas ninguém ousa dar o primeiro passo”, para falar sobre a necessidade do decrescimento.
Ao contrário do que se possa pensar, Latouche afirma que reduzir não significa regredir. Com o decrescimento – e a distribuição mais equitativa dos recursos –, diz ele, a sociedade viverá melhor “trabalhando e consumindo menos”.
É ou não é um bom tema para esquentar o sonolento debate entre “desenvolvimentistas” e “monetaristas”?

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06/10/2011
Quem são os lunáticos?
Plínio Bortolotti

Faz um ano fui surpreendido por discurso do senador Cristóvam Buarque (PDT-DF), na rádio Senado, dizendo ele algo que eu nunca ouvira: defendia o “decrescimento”, atribuindo alguns dos principais males por quais passa o planeta – e as pessoas – ao crescimento excessivo economia.
Escrevi texto sobre o assunto, Decrescimento feliz, que foi lido por pelo menos uma pessoa: esse leitor recomendou-me o livro Pequeno tratado do decrescimento sereno, de Serje Latouche, sobre o qual também escrevi artigo neste espaço.
Ambos, o senador e o economista francês, alertavam que o assunto ainda era muito novo, e seu alcance não ia além dos muros das universidades europeias. Mas o debate está avançando.
Leio no portal da BBC Brasil, que abriu um fórum com o título “O capitalismo fracassou?”, no qual ouve os mais diversos estudiosos sobre o assunto, matéria com Tim Jackson. Professor da Universidade de Surrey (Inglaterra), ele escreveu o livro com o título (traduzido) Prosperidade sem crescimento: economia para um planeta finito, no qual diz ser preciso “abandonar o mito do crescimento infinito”.
O crescimento econômico excessivo e sem precedentes na história, diz ele, está “em desacordo com a base de recursos finitos e o frágil equilíbrio ecológico” do planeta, do qual a humanidade depende para sua sobrevivência.
“Os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim.”
O professor sabe que questionar o crescimento “é visto como um ato de lunáticos, idealistas e revolucionários”, mas reafirma o fracasso do “mito” do crescimento: “Fracassou para os dois bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia; fracassou para os frágeis sistemas ecológicos dos quais dependemos para nossa sobrevivência”.

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Sentido

Aos Humanistas e seu desespero pelos sentidos...

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0610201116.htm

São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011
FOLHA DE SÃO PAULO - Ilustrada

CONTARDO CALLIGARIS
O sentido faz falta?

É uma queixa frequente: o mundo e a vida fazem pouco sentido -muito menos sentido do que antigamente, completam os saudosistas. Nas famílias, às vezes, essa queixa produz uma espécie de pingue-pongue. Os pais acham que os filhos adolescentes vivem por inércia, sem rumo e projeto: "Eles não estão a fim de nada que preste, não têm uma causa, uma visão de futuro".
Os filhos, confrontados com essa preocupação dos pais, declaram que, se precisassem mesmo de um sentido para viver, certamente não é com os pais que eles o aprenderiam: "Mas qual sentido gostariam que eu escolhesse para minha vida, se a vida deles não tem nenhum?". Nesse diálogo, o sentido parece ser sempre o que falta na vida dos outros que criticamos.
Também existem indivíduos (adolescentes e adultos) que se queixam da falta de sentido em sua própria vida: "Viver para quê? Todo o mundo vai morrer de qualquer jeito; que sentido tem?".
Geralmente, ao procurar responder a essas constatações desconsoladas, amigos, parentes e terapeutas agem como os pais que mencionei antes: querem injetar uma causa, uma visão de futuro na vida de quem lhes parece ter perdido o rumo "necessário" para viver.
Agora, eu não estou convencido de que, para viver, seja necessário que a vida tenha um sentido. Quando alguém se queixa de que sua vida é sem sentido, não tento interessá-lo em grandes razões para viver. Prefiro perguntar (para ele e para mim mesmo) de onde surge tamanha necessidade de um sentido. É curioso que, para alguns, a existência precise de uma justificação, de uma razão, de uma causa, de uma visão de futuro.
Em regra, essa necessidade de justificar a vida se impõe quando a própria vida não se basta mais. Ou seja, é quando os gestos cotidianos perdem sua graça que surge a obrigação de fundamentar a vida por outra coisa do que ela mesma.
Nota clínica: a depressão não é o mal de quem teria perdido (ou nunca achado) uma grande razão para viver. Depressão é ter perdido (ou nunca encontrado) o encanto do cotidiano. Por consequência, tentar "curar" a depressão de um adolescente propondo-lhe militância política ou fé religiosa é nocivo: se a gente conseguir capturá-lo num grande projeto, esse mesmo projeto o afastará ainda mais da trivialidade do dia a dia, cujo encanto ele perdeu.
Resumindo, quando alguém se queixa de que a vida não tem sentido, o problema não é ajudá-lo a encontrar o tal sentido da vida, mas ajudá-lo a descobrir que a vida se justifica por si só, que ela pode ser seu próprio sentido.
A cultura moderna poderia ser dividida em dois grandes blocos (que não coincidem com as tradicionais divisões de esquerda vs. direita etc.): os que pensam que o sentido da vida não está na própria experiência de viver (mas na espera de um além, num projeto histórico etc.), e os que pensam que a experiência de viver, por mais transitória que seja, é todo o sentido do qual precisamos (nota: a psicanálise, inesperadamente, está nesse segundo grupo, por constatar que a gente sofre mais frequente e gravemente pelo excesso do que pela falta de um sentido).
Alguém dirá que, com o declínio das utopias políticas e algum avanço (talvez) do pensamento laico, o sentido da vida está em baixa. Em suma, eu estaria chutando um cachorro morto.
Não concordo: talvez a própria crise das utopias e de algumas religiões instituídas esteja reavivando uma espiritualidade que tenta sacralizar o mundo, prometendo, no mínimo, sentidos ocultos.
O esoterismo "new age" nos garante que a vida tem um sentido misterioso, que a gente nem precisa saber qual é. Melhor assim, não é? Acabo de ler um breve (e delicioso) ensaio do filósofo italiano Giorgio Agamben, "La Ragazza Indicibile" (a moça indizível, Electa, 2010). Agambem (retomando um ensaio de Jung e Kerényi, de 1941, sobre Koré, a moça sagrada -Perséfone na mitologia clássica) mostra que os mistérios de Eleusis (que são os grandes ascendentes do esoterismo ocidental) de fato não revelavam nenhum grande sentido escondido das coisas e da vida -a não ser talvez o sentido de uma risada diante do pouco sentido do mundo.
Ele conclui com a ideia de que podemos e talvez devamos "viver a vida como uma iniciação. Mas uma iniciação ao quê? Não a uma doutrina, mas à própria vida e à sua ausência de mistério".

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ecos da Modernidade

Aos que ainda definem o Humanismo pela Modernidade...

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Humanismo como patologia

Vladimir Safatle: O humanismo parece querer nos ensinar a cartilha do passado
Publicado em 17 de novembro de 2010

Vladimir Safatle

Há palavras que só podem ser escutadas quando gritadas. Só que, para gritar, é necessário força e, quando algumas dessas palavras não têm mais força para serem gritadas, a única coisa que resta é esperar que elas sejam ouvidas quando reduzirmos tudo o que nelas se contrapõe ao silêncio.

Percebamos, com os olhos de quem descobre um sintoma revelador, que aqueles que gostam de ancorar no porto do “humanismo” são os mesmos que não cansam de olhar para outros mares e chamar os que lá navegam de “niilistas”, “irracionalistas” e, se for necessário, até mesmo de “terroristas”. A estratégia é clara. A partir do momento em que a designação for imposta, nada mais falaremos do designado, pois simplesmente não será possível falar com ele, porque ele, no fundo, nada fala, haveria muito “fanatismo” nesses simulacros de sons e argumentos que ele chama de “fala”, haveria muito “ressentimento” em suas intenções, haveria muito “niilismo” em suas ações.

Bento Prado Júnior, que sabia muito bem o que esse tipo de esconjuração esconde, costumava lembrar, nessas situações, que: “Sempre se é o irracionalista de alguém”. Tudo indica que, infelizmente, caminhamos para um tempo em que será necessário acrescentar: “Sempre se é o niilista de alguém” e, pior, “Sempre se é o terrorista de alguém”. Ou seja, sempre há alguém a querer nos expulsar da razão, da criação, da política. Acusações dessa natureza são apenas a última arma desesperada daqueles que têm medo de a crítica ir “longe demais”, colocar em questão o que, para alguns, não deveria ser questionado, transformar a crítica, de mera comparação entre valores e caso, no questionamento de nossos próprios valores fundamentais.

Natureza segregadora e totalitária
Nesse sentido, que o humanismo só possa atualmente ser pronunciado por meio dessas suas designações impronunciáveis, que ele só possa ser enunciado abrindo esse lugar vazio para o qual todos aqueles que não se reconhecem mais na figura atual do homem devam ser enviados, isso apenas demonstra sua natureza profundamente segregadora e totalitária. Pois, daqui para a frente, o humanismo sempre virá para nos pregar o evangelho da tolerância de condomínio fechado, o racionalismo daqueles que acreditam que a maior realização da justiça é a guerra preventiva contra qualquer coisa que estiver geograficamente a leste da Turquia, daqueles que estão dispostos a falar com todos, desde que todos falem a língua dos seus valores e princípios.

Acima de tudo, “humanismo” será a palavra preferida daqueles que querem nos exilar no presente. Pois uma das maiores características do século 20 foi a luta pela abertura do que ainda não tem figura, luta pela advento daquilo que não se esgota na repetição compulsiva do homem atual e de seus modos. Essas lutas podem ser encontradas nas discussões próprias aos campos da estética, da política, das clínicas da subjetividade, da filosofia. Em vários momentos de nossa história recente, elas mostraram grande força para mover a história, engajar sujeitos na capacidade de viver para além do presente. No entanto, vemos atualmente um grande esforço em apagar tal história, isso quando não se trata de simplesmente criminalizá-la, como se as tentativas do passado de escapar das limitações da figura atual do homem devessem ser compreendidas, em sua integralidade, como a simples descrição de processos que necessariamente se realizariam como catástrofe. Como se não fosse mais possível olhar para trás, pensar em maneiras novas de recuperar tais momentos nos quais o tempo para e as possibilidades de metamorfose do humano são múltiplas. Pois o humanismo parece querer nos ensinar a cartilha do passado que cheira ao enxofre da catástrofe e o futuro que não pode ser muito diferente daquilo que já existe. Talvez seja o caso, então, de dizer que tudo o que seus defensores, brandos ou não, conseguirão é bloquear nossa capacidade de agir com base em uma humanidade por vir, nos acostumar com um presente no qual, no fundo, ninguém acredita e a respeito do qual muitos já se cansaram. Ou seja, elevar o medo a afeto central da política.

vladimirsafatle@revistacult.com.br

domingo, 2 de outubro de 2011

Humanistic Psychology International Summer School - May/June 2013

October 1st, 2011

Dear International Humanistic Colleagues,

We would like to invite you to consider being part of a transformative opportunity that is to take place in Brazil (Summer 2013). We are in the planning stages for an event that will directly follow the International Forum for the Person-Centered Approach (May 26th – June 1st 2013). The event we are imagining would be like a “Humanistic Psychology Summer School” that could bring together students and faculty from around the world. This event would consist of two weeks (Post-Conference, June 2nd – 12th 2013) of workshops, demonstrations, experiential trainings as well as opportunities for field trips, community interactions and most importantly cross-cultural exchanges. Hence, we are speaking of an 18-day program in Brazil, including Conference and Post-Conference activities.

Here is what we are looking for:

· A person at your institution who would be a contact for the “summer school committee”. At first, this might include planning the event and possibly engaging in conference calls that would set the agenda. Later, it may include promoting the opportunity to students and faculty at your school.

· Faculty members who are interested in conducting workshops and/or “mini-courses” that aim at skill building, experiential learning, group and community work, or cross-cultural sharing.

· Persons with the desire to network with other international psychologists. Our goal is to attract both students and faculty members from different continents who are invested in one of the Humanistic Psychologies including but not limited to: Rogerian, Existential, Constructivist, Phenomenological, Experiential, Transpersonal, Biodynamic/Body-oriented, Gestalt, Focusing, Psychodrama, Logotherapy, Integrative, Positive, and Art therapy perspectives.

· Students and professionals belonging to a broad range of Humanistic areas since this “Force” goes beyond Clinical Psychology. We welcome persons involved in Psychotherapy, Counseling, Therapy, Education, Pedagogy, Learning, Social Service, Group Work, Management/Leadership, Nursing, Health/Mental Health, Care & Healing professions, Ecology, Spirituality, Arts and Humanities as well as individuals with personal or research interest on issues of Self-development, Emotions, Meaning, Culture, Diversity, Interpersonal Relations, Social Abilities, Change Processes, among others.

The major goal of this event is to draw together experts and students so that we can learn about different modes and expressions of the Humanistic Psychologies and we can improve our skills, our presence and our conceptual tool-box. In addition, we know we will be enriched by the opportunity of cultural exchange, not just with our Brazilian and Latin-American hosts, but between all the different representatives of countries that we hope will participate at this significant meeting.

Please let us know if you OR someone you know might be interested in this International Program. We would appreciate you asking your graduate students if they might want to get involved with project. Please respond to us by Friday, October 21st, 2011 through email at: school2013humanists@gmail.com if you are interested in this project. We also hope you will join our growing global community on Facebook at “Society for Humanistic Psychology” and “Students of Humanistic Psychology”.

Sincerely,

André Feitosa – Brazil (Northeastern Colleges – FANOR)

Yuri Sales – Brazil (Northeastern Colleges – FANOR)

Richard Bargdill – USA (Virginia Commonwealth University)

XII INTERNATIONAL FORUM FOR THE PERSON-CENTERED APPROACH, MAY 2013

XII FÓRUM INTERNACIONAL DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

X FORUM BRASILILEIRO DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

26 DE MAIO A 01 DE JUNHO de 2013

XII INTERNATIONAL FORUM FOR THE PERSON-CENTERED APPROACH

X BRAZILIAN FORUM FOR THE PERSON-CENTERED APPROACH

MAY 26th to JUNE 1st, 2013

XII FORO INTERNACIONAL DEL ENFOQUE CENTRADO EN LA PERSONA

X FORO BRASILEÑO DEL ENFOQUE CENTRADO EN LA PERSONA

26 DE MAYO A 01 DE JUNIO DE 2013

PCA2013 – PRAIA DAS FONTES – BRASIL/BRAZIL

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Queridos colegas e amigos que vivem e trabalham com a Abordagem Centrada na Pessoa em várias partes do Brasil e do mundo,

Temos o prazer de convidar a todos vocês para o XII Fórum Internacional da Abordagem Centrada na Pessoa e o X Fórum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa que acontecerão conjuntamente de 26 de maio a 01 de junho de 2013, em Praia das Fontes, no Ceará, Brasil.

A decisão de realizar o XII Fórum em Fortaleza foi assumida no XI Fórum Internacional da Abordagem Centrada na Pessoa, na Rússia, em 2010. A inclusão do Fórum Brasileiro no Fórum Internacional foi decidida em Marajó, Brasil, por ocasião do IX Fórum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa, em 2011, como uma forma de somar em um mesmo espaço, as possibilidades da diversidade de encontros interculturais enriquecedores que possam contribuir para o desenvolvimento da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil e no mundo. Nosso Comitê Organizador se constitui pelas parcerias nesta diversidade de olhares sobre a Abordagem Centrada na Pessoa, que caracteriza nossa história da psicologia humanista no Ceará desde a década de 1970.

O XII Fórum Internacional da Abordagem Centrada na Pessoa – PCA2013 acontecerá conjuntamente com o X Fórum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa no hotel Coliseum, em Praia das Fontes (http://www.coliseumhotel.com.br/), a 80 km de Fortaleza, no Nordeste do Brasil. Trata-se de uma linda praia ainda pouco habitada e com pescadores nativos, com um mar de água morna, algumas fontes de água vindas das falésias e muito espaço para aqueles que buscam o encontro com a natureza, consigo mesmo, e com pessoas que façam e pensem a Abordagem Centrada na Pessoa em outros lugares do mundo.

Além de oferecer um lugar privilegiado para encontros enriquecedores e fóruns de discussão coletiva (grupão) onde possamos nos escutar e buscar nos compreender na diversidade dos nossos vários idiomas e diferenças, neste fórum, além de estimular a todos para que tragam sua contribuição em forma de trabalhos escritos, workshops, filmes, ou outras formas de expressão, como ocorre na tradição dos Fóruns, temos uma comissão científica que selecionará trabalhos para publicação (em inglês, espanhol e português) de um número especial de uma revista científica brasileira indexada, para aqueles que se tenham interesse em publicar seu trabalho no formato científico.

Reconhecendo a multiplicidade de compreensões e aplicações da Abordagem Centrada na Pessoa, o tema deste grande Fórum será “Carl Rogers e as perspectivas contemporâneas de seu pensamento”. Logo mais enviaremos informações relativas a inscrições, tarifas, e critérios para os trabalhos daqueles que se interessem em possivelmente publicar.

É com muito carinho que nós, que fazemos o Comitê Organizador do XII Fórum Internacional da Abordagem Centrada na Pessoa e do X Fórum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa, contamos com sua visita ao Nordeste e sua significativa participação neste grande Fórum. Esperamos vocês em Praia das Fontes em 2013!

Um abraço, Virginia

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Dear fellow colleagues and friends from many world locations, who live and work with Client Centered-Approach and/or the Person Centered-Approach,

We have the pleasure to invite you all to the XII International Forum for the Person-Centered Approach and to the X Brazilian Forum for the Person-Centered Approach, which will both take place from May 26th to June 1st of 2013 in Praia das Fontes, in Ceará, Northeast Brazil.

While at the XI International Forum of PCA (Russia, 2010), our State of Ceará, Brazil, was appointed as the forthcoming roof of this transcultural event within Humanistic Psychology. The prospect of joining efforts with our larger national community was a decision later feasible during the IX Brazilian Forum (Island of Marajó – Pará State, 2011), an issue that would resonate in terms of enriching encounters for the Person-Centered Approach here in Brazil and abroad, within a joint space of possibilities. Our Organizing Committee members reflects this great diversity of theoretical perspectives concerning the Person-Centered Approach, a fact that may partly express a consistent position of Humanistic Psychology shared with our common history and developments in Ceará, since the beginning of the decade of 1970.

This big Forum will take place at Coliseum hotel, at Praia das Fontes (http://www.coliseumhotel.com.br/), 80 km away from Fortaleza, in Northeast of Brazil. It is a beautiful beach with a few inhabitants native local fisherman, a warm-water-sea, some water fountains directly from the cliffs, sand dunes and great space for those who search for contact with nature, with themselves and with people who make and think the Person Centered Approach all over the world. We envisioned this outstanding place as a welcoming surrounding for such residential week-long gathering where different languages and cultures would connect those who think and work with the Person Centered-Approach.

Being a key strategy for the uniqueness of collectively-driven discussions and a tool for learning about diversity and difference as it unfolds in the midst of the very interpersonal engagements, the experiential context for large Community Meetings (“Grupão”, as we would call in Brazil) will creatively encounter the significance of refining the layers and knowledge built with the references of the Person Centered-Approach. Therefore, participants are all qualified to submit their proposals in terms of ideas and written articles, workshops and interventions, round tables and books launching, photography exhibitions, movies presentations and other languages of expression/communication, also including scientific papers for those aiming at a publication in a Brazilian Academic Journal (languages are English, Spanish and Portuguese).

Our transversal working theme also acknowledges this multiplicity of understandings and applications under the scope of the Person-Centered Approach, for which we outline “Carl Rogers and the Contemporary Perspectives of his Thoughts” as our program slogan. Other information concerning tuition, formularies and references for publications will be soon provided for those interested.

Please, feel kindly invited to visit our Country and to have an active and meaningful participation at the International Forum and the Brazilian Forum for the Person-Centered Approach. We hope to see you at Praia das Fontes in May 2013!

Warm regards, Virginia

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Queridos colegas y amigos que viven y trabajan con el Enfoque Centrado en la Persona en diversas partes del mundo,

Tenemos el placer de invitar a todos Ustedes para el XII Foro Internacional del Enfoque Centrado en la Persona y el X Foro Brasileño del Enfoque Centrado en la Persona, que se realizarán conjuntamente de 26 de mayo a 01 de junio de 2013, en Praia das Fontes, en Ceará, Nordeste de Brasil.

La decisión de realizar el XII Foro en Fortaleza ha sido asumida en el XI Foro Internacional del Enfoque Centrado en la Persona, en Rusia. La inclusión del Foro Brasileño en el Foro Internacional ha sido decidida en Marajó, Brasil, por ocasión del IX Foro Brasileño del Enfoque Centrado en la Persona, como una forma de sumar, en un mismo espacio, las posibilidades de diversidad de miradas sobre el Enfoque Centrado en la Persona, lo que caracteriza nuestra historia de la psicología humanista en Ceará, Brasil.

El XII Foro Internacional del Enfoque Centrado en la Persona – PCA2013 – ocurrirá conjuntamente con el X Foro Brasileño del Enfoque Centrado en la Persona en el hotel Coliseu, en Praia das Fontes, (http://www.coliseumhotel.com.br/), a 80km de Fortaleza, en el Nordeste de Brasil. Se trata de una linda playa, todavía poco habitada y con pescadores nativos, con un mar de agua tibia, algunas fuentes de agua y mucho espacio para aquellos que buscan el encuentro con la naturaleza, consigo mismo, y con personas que hagan y piensen el Enfoque Centrado en la Persona en otros lugares del mundo.

Además de ofrecer un lugar privilegiado para encuentros enriquecedores y foros de discusión colectiva, donde podamos escucharnos y buscar comprendernos en la diversidad de los varios idiomas y diferencias, en este foro, además de estimular a todos para que traigan su contribución en forma de trabajos escritos, workshops, películas, o otras formas de expresión, como ocurre en la tradición de los foros, tenemos un comité científico que seleccionará trabajos para publicación (en inglés, portugués y español) de un número especial de una revista científica brasileña indexada, para quien tenga interés en publicar su trabajo en el formato científico.

Reconociendo la multiplicidad de comprensiones y aplicaciones del Enfoque Centrado en la Persona, el tema de este grande Foro será “Carl Rogers y las perspectivas contemporáneas de su pensamiento”. Luego enviaremos informaciones con respecto a inscripciones, tarifas y criterios para los trabajos de aquellos que se interesen en posiblemente publicar.

Es con mucho cariño que nosotros, que hacemos el Comité Organizador del XII Foro Internacional del Enfoque Centrado en la Persona y del X Foro Brasileño del Enfoque Centrado en la Persona, contamos con su visita a nuestro país y su significativa participación en nuestro Forum. Esperamos verlos en Praia das Fontes en 2013!

Un abrazo, Virginia

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LOCAL ORGANIZING COMMITTEE

Virginia Moreira (chairperson)

Executive Board

Adriana Saboia (coordinator)

Fernanda Nícia Nogueira (coordinator)

André Feitosa

Anna Karynne Melo

Eveline Caracas

Georges Boris

Liliane Brandão

Lucas Bloc

Marcio Arthoni Rocha

Rosa Brito

Silvia Miranda

Thabata Telles

Yuri Sales

Scientific Board

Georges Bloc Boris (coordinator)

Adriano Holanda

Ana Frota

Celia Freire

Emanuel Meireles

Francisco Cavalcante Junior

Railda Fernandes

INTERNATIONAL CONSULTIVE COMMITTEE

Alberto Segrera – Mexico

Ana Lúcia Palma – Brazil

Ana Rafaela Pecora – Brazil

Anita Bacellar - Brazil

Andrés Sanchez Bodas – Argentina

Antonio Coppe –Brazil

Carol Wolter-Gustafson - USA

Claudio Rud – Argentina

Elizabeth Freire – United Kingdom

Elena Frezza - Argentina

Elza Dutra – Brazil

Ernesto Rivera - Colombia

Eric Troncoso – Chile

Georgetta Niculescu - Romania

Gercileni Campos de Araújo – Brazil

Irmão Justo – Brazil

Jerold Bozart - USA

Jeffrey Cornelius-White – USA

João Hipólito – Portugal

Kazuo Yamashita - Japan

Lidia Fogliati – Argentina

Márcia Tassinari – Brazil

Marísia Silva - Brasil

Maureen Miller O´Hara – USA

Mauro Amatuzzi – Brazil

Odete Nunes – Portugal

Peter Schmid - Austria

Raquel Wrona – Brazil

Renate Motschnig-Pitrik - Austria

Salvador Moreno Lopez – Mexico

Silvia Jauregui - Argentina

Tiane Granziottin – United Kingdom

Tomeu Barceló – Spain

Veniamin Kolpachnikov – Russia

Vera Engler Cury – Brazil

Wade Hannon - USA

Yvan Leanza - Canada

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