terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Assim eu ouvi


"Era uma velha, aquela mulher.
Quisera nascer de novo.
Vislumbrou, na abóbada kármica,/
um papis e mamis razoáveis.
Pelo seu mérito, trouxe a consciência no veludo do feminino.
Descobriu-se filha/
de uma volição estético-afetiva/
intrínseca aos homens gays.
A moça do eclipse carreou,/
ainda da contabilidade sideral,/
um plus de feminilidade que antes inexistia:
conseguiu suspender o peu de outra vida,/
por essa coisa outra nesta.
Ela vem procurando os seus homens, iguais aos daquela.
A novidade é para ambos:
eles que querem ao exótico dela,/
e ela, que se sentindo meio como era na pele de um deles,/
quer isso que se assemelha, sua pátria,/
mais do que tudo, mais do que eles serão.
Seus olhos marejam com a pegada que deseja,/
e ainda reconhecem, na distância que o corpo levou,/
o jeito certo de encaixar e retorcer aos corpos dos mocinhos.
Eles enganam-se:
com o esqueleto,/
o sem ossinho na bacia dela,/
pobres que não sabem dessa mulher e seu cadafalso.
As mulheres sempre doeram mais que uma penetração."

Assim eu ouvi, eram seus lábios em movimento...
Desamarra, isso que por três vezes quiseram conter.
Seu nome era Gabi. Ela tem sede.
Ruídos saudosos na tua-Clarice,

A.F. § 4-I-2011

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