quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

adao



** Pintura: William Bouguereau (1825-1905) - Dante et Virgile, 1850




((eva.ngelho do amor nos últimos dias))

BU!LEÁRIO EPYCISTA
sermão #1

O tabernáculo da IGREJA DO REDENTOR GAY PESSOAL foi recentemente fundado nos planos elevados da consciência humana, por ocasião da lua-cheia de Fevereiro de 2013. A nossa revelação está vinculada à santificada figura de Ad´ham (Adão), o único e verdadeiro homem, exemplo de bravura celestial para a melhor elucidação da nossa crença e dos seus mistérios correspondentes. Adão, o primeiro insurgente nessa experiência comunal da vida, o portador da fantasia primeva no selvagem entre os corpos dos homens, renunciou ao convívio junto ao temperamento de Eva para edificar um reino dos seus próprios encantamentos e estrelas para devoção singular. Adan, em persa antigo, é o pronome de primeira pessoa, é aquele que, sendo possível desviar do conjunto, é capaz de dizer "eu" e algo sobre si. Refugiado em bosques longínquos, Adão inspirou-se na fratura replicante de uma segunda costela e ali, compadecidos na sua ferida e destemida errância, os espíritos solidários na floresta emprestaram barro e seiva para construir a forma de Adoniyah (Adonias), a carne e o osso conjugados ao seu Prior, o Secundus Phallus de todos nós (ensinaram os antigos sábios romanos: “Secundus felator rarus”). Ambos então proscritos ao Todo-Poderoso estigmatizado na fuligem tóxica dos porões e dos séculos (com o veneno do machismo, do patriarcalismo e do sexismo etc), o enlace magyar na atração de Adão e de Adonias testemunham que o tempo vivido sob a proteção transgressora da filha do amor (do feminino que não é suave, a volúpia) traria a salvação das almas na bruma gélida das noites longas. Antes, portanto, de qualquer fruto amadurecido na boca de Eva, anterior à expulsão mesma conduzida pelo Verbo, Adão já evadira da eternidade conjugal e dos seus caprichos heteronormativos. Da inveja refletida nos três sóis e seis luas que orbitavam aqueles titãs, a serpente determinou-se a obstar o convívio de Adão com Adonias naquele Mundo-sem-Fim: confrontando o amor que só crescia vez após vez, Eva provocou a ira perpétua da divindade vigente, instância soberba que, banindo e condenando ao exílio do Paraíso, impôs que a infâmia de Adão existisse apartada da plenitude em Adonias. Embora condenado à inadequação dos afetos díspares que surgem na pele suave de Eva e esconjurado da felicidade inesgotável ao lado do seu Adonias, não imaginava Adão que, também renunciando às delícias e bem-aventuranças celestiais, Adonias traria consigo uma arriscada chance para depor a investidura de confinamento em sua imortalidade. Questionando a intenção do criador e o modo imperfeito das suas limitadas criaturas, a blasfêmia de Adonias pretendeu interferir na autoridade original sobre os domínios livres dos céus e da vida, resultando-se, afinal, como um futuro também apartado daquela esfera de abandono e de renúncias onde se encontrada. Ali, desertados da pacífica felicidade na fúria de um Perfeito que não é sublime, caminhantes de um mundo frágil e real, Adão e Adonias construíram sua possível e decaída fertilidade. A maçã pagã mordida, precipitada como benção (e despedida) apostólica, sustenta o rubro das lembranças e das intensidades, doçura e mel partilhada à trois: ménage com finalidades procriativas secundárias, entre um e o outro formoso sodomita no leito de sua desvairada Eva. Bebamos, pois, uns dos outros e dos que virão, porquanto o batismo das uvas repõe os açúcares drenados pelo cinza do horizonte.Nunca mais, desde então, houve a Casa do Pai, ou do Patrono, ou do Papa, ou do Patriarca, ou do Padre, ou do Pároco, nem do Pastor ou de nenhum dos Pedros ou meus Senhores, nada de Pedras angulares, ou de Pontificados e de faustos Ministérios Petrinos. Experimentando as injunções do Adanismo: o Culto, eventos sem tempo ou sem lugar, o Madrigal para Adão, seus protegidos tornaram-se notórios como os Adonistas: os Seguidores, ou Séquitos de Adão que vaguearam nas planícies. Do púlpito aos poplíteos, da palavra falada à sinergia dos impulsos: os seus destinos estão abertos para a invenção! Egressos daquele deus-Pai e abraçados por uma deusa-Volúpia; onde já não há virgens maçãs e moças - da Eva, provou-se!

AF, o-Conselheiro ;o)
27.II.2013




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Lições do tio-DELEUZE: repetir, repetir, repetir, repetir, repetir, forçar a diferença, fazer fugir, surgir algo por trás (Quel enculé! Ça?). Lições
do budie-AGAMBEN: p-r-o-f-a-n-a-r, do homo sacer ao homo demoniens.

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