domingo, 13 de fevereiro de 2011

3D Pina Bausch

Recomendo assistir.

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13/02/2011 - 12h49

Com "Pina", Wim Wenders inaugura a era do filme de arte em 3D e emociona a Berlinale

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
  • Wim Wenders posa para os fotógrafos entre  as dançarinas Julia Shanahan e Barbara Kaufmann, antes da entrevista coletiva de Pina no Festival de Berlim (13/02/2011)

    Wim Wenders posa para os fotógrafos entre as dançarinas Julia Shanahan e Barbara Kaufmann, antes da entrevista coletiva de "Pina" no Festival de Berlim (13/02/2011)

"Pina", documentário de Wim Wenders sobre a dançarina e coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009), causou comoção em Berlim. Segundo filme em 3D exibido no festival neste domingoi(13), foi considerado por muitos jornalistas e críticos uma experiência emocionante e profunda. Exibido na seleção oficial sem concorrer ao Urso de Ouro, é um tributo à principal cabeça criativa do Tanztheater Wuppertal, companhia que passou a dirigir no início dos anos 1970 e hoje leva o seu nome.

Wenders conta que o filme havia sido planejado em conjunto com Bausch. Eles iniciaram a produção no começo de 2009 e chegaram a gravar quatro peças: "Le Sacre du Printemps" (1975), "Kontakthof"(1978); "Café Muller" (1978) e "Vollmond"(2006). "Mas ela morreu [em julho de 2009] subitamente", disse ele, na entrevista coletiva logo após a concorrida exibição desta manhã. "Tínhamos um conceito que de uma hora para outra não pode ser mais desenvolvido. Não sabíamos o que fazer para preencher esse enorme vácuo que ela deixou. Havíamos filmado apenas quatro peças. E achei que a melhor maneira de completar o trabalho era adotar o método da própria Pina, que era questionar constantemente seus dançarinos."

O cineasta disse que a primeira coisa que chamou sua atenção em Pina Bausch foi o modo como ela olhava para as coisas. "Para ela, era importante a forma como as pessoas se expressam pela dança", disse ele. "Ela realmente olhava através das pessoas. É sobre isso que fala o filme, na verdade: sobre esse olhar."

  • Reprodução

    Cena documentário "Pina" de Wim Wenders sobre a dançarina e coreógrafa alemã Pina Bausch

Sobre a tecnologia 3D, Wenders disse que o peso do equipamento - duas câmeras e uma grande grua - foi superado pelo empenho da equipe de filmagem e a experiência dos dançarinos da companhia. "Sabíamos as coreografia de cor e, ao longo de um ano, a tecnologia evoluiu tão rapidamente, que no fim das filmagens conseguíamos entrar na dança."

Barbara Kaufman e Julie Shanahan, dançarinas da companhia Wuppertal, deram seus depoimentos. Kaufamnn disse que o equipamento se fazia presente, mas ao longo das filmagens passou a se concentrar no espaço. "Está lá para eu dançar", disse ela. Para Shanahan, os ensinamentos da mestra foram inspiradores. "Trabalhei com ela 22 anos e aprendi a ficar comigo mesma", disse. "Por isso, não me trouxe nenhum incômodo."

O filme não apenas desfila pela tela os grandes números da companhia de Pina Bausch. Essas peças são costuradas por números curtos e depoimentos com os principais dançarinos da companhia. Entre peças mais breves está a coreografia "Água" (2001), dançada ao som de "O Leãozinho", de Caetano Veloso. Um dos grandes desafios enfrentados por Wenders ao realizar o trabalho foi reunir 40 tipos de música de várias épocas e países diferentes em uma mesma linha narrativa. "E não mudamos nada", completou ele. "Está tudo lá como Pina concebeu."

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